Chapa Dilma-Temer: perícia acha "desvios de finalidade" nos gastos
A perícia realizada por técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em
gráficas que prestaram serviços suspeitos à campanha de reeleição de
Dilma Rousseff (PT) concluiu não ser possível afastar "desvio de
finalidade dos gastos eleitorais para outros fins que não o de
campanha". Os resultados apresentados dizem respeito às gráficas Focal,
Gráfica VTPB e Red Seg Gráfica.
A colheita de provas no âmbito da investigação de abuso de poder
político e econômico pela campanha vencedora foi autorizada em abril
pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, relatora do caso. A perícia
foi concluída nesta segunda-feira, 22.
No caso da Focal, que recebeu quase R$ 24 milhões, o laudo do TSE diz
que "em que pese se tratar de uma empresa que prestou serviços à uma
campanha nacional para a Presidência da República, foram encontradas
diversas inconsistências nos registros contábeis da empresa".
A perícia encontrou problemas na emissão de notas fiscais e na
subcontratação de outras empresas para o fornecimento de bens e serviços
à chapa presidencial eleita em 2014.
Quanto às notas fiscais, o documento afirma que o "cancelamento
posterior das notas, sem o correspondente registro de estorno ou de
devolução dos recursos, pode representar uma simulação de prestação de
serviços, a fim de justificar o recebimento de recursos, em espécie ou
por meio de conta bancária".
Os peritos também apontaram que "identificou-se a utilização da mesma
ordem de serviço referenciadas nas notas fiscais, contendo o mesmo
objeto e quantidades a serem produzidas, utilizadas em várias notas
fiscais de venda sequenciais e emitidas na mesma data".
Também não foram identificadas a documentação fiscal referente à subcontratação das empresas.
Quanto à Gráfica VTPB, o laudo aponta que apenas 21,5% das receitas
contabilizadas obtidas com as vendas de produtos foram comprovadas por
notas fiscais.
A Red Seg Gráfica, por sua vez, não teria apresentado todos os
documentos requeridos pela Justiça Eleitoral e que são necessários para
resposta dos quesitos pontualmente identificados.
Com o fim da fase de perícia, a ministra Maria Thereza já agendou os
depoimentos das testemunhas que serão ouvidas no processo. Ao menos dez
testemunhas serão ouvidas em setembro pela Justiça Eleitoral, segundo
despacho da relatora da ação de investigação.
A ação de investigação que corre perante o TSE pode gerar a cassação
dos mandatos de Dilma e Temer e a inelegibilidade dos dois. Mesmo se o
Senado confirmar o impeachment da petista na próxima semana, o processo
continua, com risco para Temer, que assumirá a Presidência em
definitivo.
(Fonte: Diário do Pode)
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