Temer quer agora comandar a Câmara por Samuel Celestino

                                                 Foto: Lula Marques/ AGPT
Numa entrevista ao “Estado de S. Paulo”, divulgada nesta sexta-feira (15), o presidente em exercício, Michel Temer, já se considera com mandato até 2018, por entender como definitivo o impeachment de Dilma no início de agosto. Somente dessa forma é possível compreender uma resposta que dera na entrevista ao “Estadão”, ao dizer que pretende desidratar o “centrão”, um grupo de parlamentares de partidos pequenos que estava sob o comando de Eduardo Cunha. Na verdade, o “centrão” sempre esteve presente na Câmara dos Deputados, de uma forma ou de outra. Os parlamentares de blocos partidários incertos procuram se agrupar para não ficar a reboque dos grandes partidos. De tal sorte que, desde que o PT chegou ao poder, a Câmara era presidida exclusivamente ou pelos seus integrantes, ou por integrantes do PMDB. Os petistas se achavam confortáveis e no nirvana no comando da República. Depois de longo tempo, a primeira vez que o DEM conseguiu fazer um presidente foi agora, com Rodrigo Maia. Precisou que houvesse a queda do PT, que ficará distante do poder por longo tempo. Michel Temer cuida, então, de formar uma base de apoio unindo os partidos políticos para ter maioria na Câmara dos Deputados. Com o círculo de partidos em torno dele, o presidente em exercício terá condições de cumprir o seu mandato até 2018, como ele pensa, e ter número suficiente de parlamentares para tocar os seus projetos de reforma, marcando assim a sua administração. Pretende realizar o período do seu governo a partir do que chamou de desidratação do “centrão”, aproveitando a queda de Eduardo Cunha que, certamente, será cassado em agosto próximo. Se o “centrão” siderava em torno de Cunha, com a sua queda repentina a primeira medida que os deputados tomaram foi dele se afastar deixando-o a míngua. Assim, a porta fica aberta para Michel Temer unir a Câmara em torno do seu mandato e da sua vontade política para encaminhar o país na direção das reformas necessárias. Foi o que Dilma, sempre à distância, jamais conseguiu fazer. Imaginava que poderia governar sozinha, sem o Congresso Nacional, e acabou chegando ao fim do caminho.

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