Banco do Brasil quer sair de sociedade com os Correios
Foto: José Cruz / Agência Brasil
A parceria do Banco do Brasil com os Correios no Banco Postal corre o
risco de acabar neste ano. Os dois sócios na prestação de serviços
financeiros discordam, atualmente, do objetivo e, principalmente, do
valor do negócio. Com rombo nos últimos três anos, sendo o de 2015 de R$
2,1 bilhões, os Correios veem a renovação do contrato com o BB como uma
oportunidade de injetar dinheiro na estatal, que ainda opera no
vermelho neste ano. O melhor resultado da história dos Correios foi
justamente o de 2012, afetado pelo negócio com o banco público. Já o BB,
segundo fontes, não considera o negócio tão vantajoso, em meio ao
cenário econômico adverso e às mudanças no comportamento dos clientes.
Sem o BB, os Correios precisariam leiloar novamente o serviço neste ano.
Segundo a avaliação dos maiores bancos do País, há pouco apetite para
explorar a rede de agências da estatal, presente em 95% das cidades
brasileiras. Com o avanço dos canais digitais e os desafios de tornar a
rede física rentável, a atratividade do canal diminuiu.
O Bradesco, que
ficou com o Postal por dez anos, abriu mais de mil agências após deixar
de operar o serviço e agora tem o desafio de integrar o HSBC. O Itaú não
fez proposta no último leilão. A Caixa não tem capital para fechar a
operação sem nova capitalização da União - está, inclusive, privatizando
áreas. O Santander também não tem tanto apetite pelo canal, além de,
assim como o Itaú, estar na negociação para a compra das operações de
varejo do Citi no País. "O negócio (Banco Postal) tem alto custo. O
banco começa a ter problemas de assalto, numerário, eventos que são uma
realidade que já vivemos. Antes de pensar em discutir a relação, é
preciso pensar no papel dos Correios, como funciona hoje e como agregar
valor", diz o executivo de um grande banco. Outro afirma que a
instituição até analisaria eventual oportunidade de parceria, mas também
reforça que o canal perdeu parte de sua relevância. O Banco Postal foi
importante para aumentar o acesso aos serviços financeiros em municípios
do interior. Segundo o Banco Central, 1.987 cidades não têm agência
bancária, mas 1.633 delas possuem um ponto de atendimento, como os
Correios, que prestam serviços bancários básicos, como transferências,
abertura de contas, saques e recebimento do INSS. O BB venceu o leilão
em maio de 2011, num lance de R$ 2,3 bilhões, e começou a operar no ano
seguinte nas mais de 6 mil agências próprias dos Correios que oferecem
serviços do Banco Postal. O BB teve de desembolsar mais R$ 1 bilhão ao
longo de cinco anos pelo pagamento de transações bancárias efetuadas nos
Correios. Em 2.035 municípios, o BB só está presente por causa do Banco
Postal. Em outros 3.223, o maior banco do País tem agência própria. O
presidente dos Correios, Guilherme Campos, diz que a atuação da estatal
como correspondente bancário tem custo elevado por causa dos
investimentos em segurança e questões trabalhistas. Os funcionários dos
Correios que trabalham nas agências com Banco Postal exigem equiparação
de salário e jornada aos bancários. "Eles querem transferir para o
correspondente bancário o que nenhum banco quer nas suas agências: gente
e numerário", explica Campos. "É muito bem-vindo o Banco Postal, só que
esse custo tem de estar na negociação", acrescenta. Segundo Campos, as
negociações entre os dois sócios voltaram após a formalização de seu
cargo e de Paulo Caffarelli como presidente do BB. A renovação está em
pauta desde maio de 2015, mas ficou em compasso de espera com a mudança
nas empresas. Em dezembro, encerram-se os cinco anos do contrato, que
podem ser renovados por mais cinco. Procurado, BB não se manifestou. As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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