Torquato Jardim diz que fala cética sobre Lava Jato era uma 'pergunta e reflexão'
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato
Jardim, afirmou em resposta ao jornal O Estado de S. Paulo que sua fala
em tom cético em relação a efetividade da Operação Lava Jato é resultado
de uma "sequência de perguntas em face de fatos concretos" e na
realidade fazia uma reflexão em uma situação específica, já que ele
participava de um congresso de ciência política e de Direito Eleitoral e
estava fazendo "uma leitura multidisciplinar do mundo político e
eleitoral". Ele também rechaçou a ideia de que tenha feito negociações
para chegar ao cargo. Apesar de estar no Piauí para participar do
Concipol, as declarações de Torquato foram dadas em entrevista no 18 de
maio, em Teresina. O agora ministro da Transparência disse na ocasião
que não acreditava que as investigações e condenações da Operação Lava
Jato tragam mudanças concretas ao País. Nas declarações, publicadas
nesta quinta-feira, 2, pelo jornal "O Diário do Povo do Piauí", e cujo
áudio foi obtido pelo Estadão nesta sexta-feira, 3, Torquato também diz
que os partidos políticos brasileiros são "balcão de negócios" e que o
Centrão, formado por 225 deputados de 13 partidos foi montado "em nome
da corrupção e da safadeza". "O que mudou com o impeachment de Collor? O
que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento, quando os sete anões
foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Lava
Jato?", questionou o ministro. "Enquanto o mensalão estava sendo
condenado, a Lava Jato estava sendo operada. Eles aconteceram ao mesmo
tempo". O ministro disse ainda que suas declarações "diante da
perspectiva crítica da histórica não resulta impedimento algum de
engajamento com o projeto de governo do Presidente Michel Temer". Ele
rechaçou ainda que tenha negociado para chegar ao governo. "Não houve
'negociação' para a escolha ao Ministério. Somos amigos pessoais desde
1982 quando o substituí em aulas de Direito Constitucional na PUC-SP",
afirmou. Na entrevista, Torquato afirmou também que "política é dinheiro
inequivocamente". "Ninguém ganha mandato no charme da fisionomia ou no
charme da voz". No Planalto, a notícia de que mais um ministro -
novamente o da pasta da Transparência - "falou demais" causou apreensão,
mas foi vista com cautela. O presidente Temer estava voando para São
Paulo na hora da notícia e só foi informado ao chegar a capital
paulista. A orientação inicial de assessores próximos ao presidente era
de a explicação deveria vir do próprio Torquato.
(informações: Bahia noticias)
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