Delator diz que Tribunal de Contas do RJ recebeu propina de obra do Maracanã
José Maurício Nolasco, do TCE-RJ| Foto: Reprodução / Blog Fabiano do Perfil
O ex-executivo da Andrade Gutierrez Clóvis Renato Primo afirmou em
delação premiada que o Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ)
recebeu propina da obra de reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de
2014. De acordo com O Globo, Primo diz que Wilson Carlos, então
secretário de Governo da gestão Sérgio Cabral, pediu que fosse pago ao
tribunal 1% do valor da obra. A propina seria destinada ao então
presidente do órgão fiscalizador das contas do Estado, conselheiro José
Maurício Nolasco. O delator disse ter autorizado o pagamento, mas disse
não ter certeza se o repasse foi efetivado. Nolasco é relator de 11 dos
22 processos do TCE relativos à obra no Maracanã (21 desse total estão
parados). Primo disse que recebeu a informação do pedido de propina por
meio do executivo Alberto Quintaes, da mesma empresa, o qual foi
informado da solicitação pela Odebrecht, líder do consórcio. A
empreiteira atribuiu o pedido a Wilson Carlos. O governador à época,
Sérgio Cabral (PMDB), também é apontado como receptor de propina da obra
do Maracanã (leia mais aqui), como delatou Rogério Nora de Sá,
ex-executivo da Andrade Gutierrez, segundo o qual Cabral cobrou 5% do
valor total do contrato. A Andrade Guetierrez, Odebrecht e Alberto
Quintaes disseram à publicação que não comentariam o assunto. A defesa
de Clóvis Primo disse que não comentaria as declarações porque o
depoimento está sob sigilo. Já a defesa de Wilson Carlos não conseguiu
contatá-lo para falar sobre o caso. Nolasco disse que nunca esteve com
Primo, logo, nunca houve qualquer conversa ou pedido de propina. O
conselheiro disse que o processo sobre o contrato da reforma no Maracanã
deu entrada no TCE em 30 de setembro de 2010, três meses antes de sua
saída da presidência. Quanto à relatoria dos processos, Nolasco disse
que submeteu os casos ao plenário para, em seguida, tramitarem pelos
órgãos para elaboração de pareceres. Até então não retornaram ao seu
gabinete. Nolasco aproveitou para ressaltar que, quando era relatord de
uma auditoria, votou favorável à retenção de R$ 67 milhões pagos
indevidamente ao consórcio responsável pelas obras do Complexo do
Maracanã, no entanto, o voto aprovado em plenário acabou sendo o do
revisor, contrário ao dele.
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