Pensando nas eleições, aliados de Cunha cogitam deixar Conselho de Ética por Julia Lindner e Igor Gadelha | Estadão Conteúdo
Poucas semanas após Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter sido afastado da
presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aliados do
peemedebista começam a dar sinais de distanciamento. Pelo menos dois
deputados integrantes do Conselho de Ética que votariam a favor de Cunha
cogitam renunciar aos cargos no colegiado esta semana. Preocupados com
as eleições, eles buscam se desvincular da imagem do parlamentar,
acusado de receber propina e de ter mentido sobre possuir contas no
exterior na extinta CPI da Petrobras. Recentemente, o deputado Cacá Leão
(PP-BA) teria visitado Cunha na residência oficial da presidência da
Casa para informá-lo de que abriria mão de sua vaga como titular.
Segundo interlocutores do líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), o
deputado também o procurou há 20 dias para dizer que pensava em
renunciar. Leão alegou desgaste e desconforto em apoiar Cunha devido às
alianças locais que possui na Bahia. O pai dele, vice-governador e
presidente do PP da Bahia, João Leão, é aliado do governador Rui Costa,
do PT. Outro membro do PP que deve sair do conselho em breve é Ricardo
Barros (PR), que acaba de assumir o Ministério da Saúde. Apesar de o
líder do partido ter afirmando que ainda não pensou em nomes para as
substituições, devem assumir os deputados André Fufuca (MA) e Nelson
Meurer (PR). Como os dois também são próximos ao presidente afastado da
Câmara, a mudança só seria simbólica. Na prática, a proporção do grupo a
favor e contra o peemedebista continuaria acirrada, dependendo do voto
da deputada Tia Eron (PRB-BA), que segue indefinido. Integrante da tropa
de choque de Cunha, Manoel Júnior (PMDB-PB) também vai anunciar em
breve a sua saída do Conselho. Apesar de ser suplente, Júnior é
considerado um dos principais defensores do peemedebista no colegiado.
Investigado na Operação Lava Jato, a justificativa de Júnior para deixar
o colegiado seria a sua pré-candidatura a prefeito de João Pessoa, que
poderia ser prejudicada por Cunha. Ele confirmou ao Broadcast Político,
serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que vai renunciar,
mas disse que é apenas para ter mais tempo na agenda para fazer campanha
em sua cidade. Nesta terça (17), depois do depoimento da testemunha
arrolada pela defesa de Cunha, o advogado e professor Tadeu de Chiara,
deverá ser votado no conselho um parecer sobre a substituição de membros
do colegiado. O relatório apresentado por Sandro Alex (PSD-PR) sugere
que a vaga decorrente do afastamento de membro titular ou suplente
somente se dará pela ocorrência de término de mandato, renúncia,
falecimento ou perda de mandato no colegiado. Caso o texto seja
aprovado, a vaga só poderá ser preenchida por nova indicação do líder do
partido.
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