Novo líder do Governo na Câmara expõe Temer como refém do ‘baixo clero’
Um deputado com a ficha sujíssima, réu por acusação de homicídio e membro da tropa de choque de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi confirmado como o líder do Governo interino de Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados. Trata-se de André Moura, eleito por Sergipe e filiado ao minúsculo PSC (Partido Social Cristão), que tem apenas nove dos 513 deputados. A chegada de Moura ao cargo demonstra, segundo uma dezena de deputados ouvidos pela reportagem, que a atual administração federal é refém de Cunha, o presidente afastado da Câmara que já emplacou três membros na gestão, e dos deputados que o peemedebista controla.
Moura é réu em três ações no Supremo Tribunal Federal e responde a outros três inquéritos na mesma Corte (um deles por tentativa de homicídio, outro por envolvimento na Operação Lava Jato). Já foi condenado pelo Tribunal de Contas da União quatro vezes por irregularidades na gestão de dinheiro público, multado por improbidade administrativa. Foi proibido de concorrer à eleição em 2014 e teve duas de suas contas de campanha rejeitadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe. Só é deputado federal porque conseguiu uma liminar que permitiu que ele fosse empossado, mesmo tendo sido declarado inelegível pela Justiça.
O deputado do PSC sempre seguiu a cartilha das pautas conservadoras ou que beneficiavam seu grupo político. Foi, por exemplo, presidente da Comissão Especial da Câmara que defendeu a redução da maioridade penal. Foi também o sub-relator da CPI da Petrobras responsável pela contratação de uma empresa de espionagem para investigar delatores da Operação Lava Jato e age como um fidelíssimo aliado de Eduardo Cunha ao orientar sua bancada no Conselho de Ética que investiga o peemedebista por quebra de decoro parlamentar. Cabe ao líder do Governo discutir com seus pares os projetos prioritários da gestão e orientar a atuação de todos os partidos da base aliada. É uma das funções de maior relevância entre os parlamentares.
A nomeação de Moura provocou críticas até mesmo DEM e PSDB, partidos que faziam oposição a Rousseff e que agora apoiam Temer. O objetivo inicial do presidente interino era nomear para a liderança o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), mas representantes de treze partidos do bloco autodenominado centrão (entre eles o PP, o PR e o PSD), sobre os quais Cunha exerce influência, apresentaram uma relação com quase 300 nomes de parlamentares que pediam a indicação de Moura. O número representa mais de 50% da Câmara e não inclui o próprio partido de Temer, PMDB, nem os neogovernistas DEM, PPS e PSDB. O presidente em exercício cedeu, temendo perder sua suposta superbase de apoio no Legislativo.
(Fonte: msn.com)
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