Plano é inviabilizar Temer, diz Stédile, dirigente do MST
Após a admissão do pedido de impeachment contra a presidenta
Dilma Rousseff, aprovada no domingo (17) no plenário da Câmara dos
Deputados, o plano dos movimentos sociais agora é promover uma
paralisação geral antes do fim do processo no Senado, com o objetivo de
inviabilizar um possível governo Temer, afirmou João Pedro Stédile, um
dos principais dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), em entrevista ao programa Espaço Público, da TV Brasil.
Para
Stédile, quem articula o que ele chamou de “golpe” contra Dilma é uma
parcela da burguesia, principalmente aquela ligada ao setor financeiro,
cuja meta principal não é a troca do presidente, mas a implantação de
medidas neoliberais que os movimentos sociais "não aceitarão".
“Isso eu
defendi no sábado, no acampamento lá de Brasília. O que a burguesia
quer, no Brasil, não é trocar de presidente, é implementar um programa
neoliberal para recuperar sua taxa de lucro e ela sair da crise. O povo,
se me permitem, que se lasque. Qual é a arma que a classe trabalhadora
tem nesse momento? É dizer para a burguesia: olha, nós não aceitamos
plano neoliberal, não aceitamos perder direitos e não aceitamos perder
salário. Para ela dizer isso para os golpistas, tem que fazer uma
paralisação nacional”, disse o economista e ativista social.
Perguntado
se diante do desemprego crescente, os trabalhadores iriam aderir a um
greve geral, Stédile respondeu: “É esse o termômetro que nós vamos
levantar amanhã [hoje (20)]. Eu acho que tem muitos sindicatos que têm
base organizada nas fábricas, como no ABC Paulista, no Vale do Paraíba.
No Rio de Janeiro, os petroleiros da Petrobras, se quiserem, param o a
Petrobras. Nós, na agricultura, temos condição de parar, parar as
estradas, o transporte de mercadorias.”
O dirigente do MST
reconheceu que, para além da militância organizada, os movimentos
sociais não conseguiram angariar, até agora, uma adesão expressiva da
grande “massa” da população às manifestações contra o afastamento de
Dilma, mas ele disse acreditar que a juventude deva reagir.
Ressaltando
que o MST foi um dos primeiros a criticar o segundo governo Dilma por
sua política de ajuste fiscal, Stédile avaliou que, mesmo que consiga
barrar o impeachment, o governo Dilma de 2014 e 2015 estará
“acabado”, dando lugar a um governo “Lula 3”, no qual o ex-presidente
terá papel central na formação de um novo gabinete de ministros e na
implantação de uma nova agenda econômica.
“Se nós conseguirmos barrar o impeachment
no Senado, na verdade o governo Dilma de 2014 e 2015 acabou. Nós
teremos um outro governo, coordenado pelo Lula, que até nos movimentos
populares, nós brincamos que vai ser o Lula 3, porque ele que vai ter
que coordenar, e vai ter que reformar o ministério, e vai ter que adotar
um outra politica econômica.”
(Fonte Agência Brasil)
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