Não haverá trégua a governo que não consideramos legítimo, diz presidente do PT
Rui Falcão, presidente do PT. Foto: Wilson Dias/ABr
Caso o impeachment seja aprovado pelo
Senado e a presidente Dilma Rousseff tenha de deixar o poder, o PT fará
forte oposição a um eventual governo comandado por Michel Temer, afirmou
nesta terça-feira, 19, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão,
após encontro com dirigentes da sigla em São Paulo. "Não haverá trégua e
nem estabilidade a um governo que carece de voto popular", disse.
Para Falcão, se Temer assumir o poder, o governo poderá ser
classificado como antidemocrático, ilegítimo e ilegal. "Não será
reconhecido por nós", afirmou. "Se essa hipótese venha a se confirmar,
vamos combater esse programa de retrocesso, de cancelamento de direitos
sociais e de privatizações", acrescentou. Apesar de considerar esta
possibilidade, Falcão disse acreditar que o impeachment será rejeitado
pelos senadores. "O PT não vai permitir que um cara sem voz e traidor
retire os direitos dos trabalhadores desse País", disse.
Para ele, o Senado rejeitará o impeachment porque, dessa vez, haverá
uma mobilização maior e mais intensa dos movimentos sociais e sindicais
simpáticos ao governo de Dilma Rousseff. "Está ficando mais nítido para a
sociedade o que representa esse golpe", disse Falcão. "E começa a pesar
sobre aqueles que se associaram ao golpe um certo 'envergonhamento' de
verem Cunha (Eduardo Cunha, presidente da Câmara) e Temer juntos",
afirmou. Segundo ele, movimentos sociais e sindicais devem aproveitar o
dia 1º de Maio, feriado referente ao Dia do Trabalho, para realizar um
grande ato contra o impeachment.
Questionado sobre a possibilidade de Dilma continuar no poder e ter
de governar com o apoio de menos de um terço da Câmara, Falcão
limitou-se a dizer que a presidente está há um ano e meio no seu segundo
mandato e realizou "coisas importantes com este parlamento que está
aí". Para o presidente do PT, o baixo nível demonstrado pela sessão da
Câmara no domingo, que ele chamou de "circo de horrores", reforça a
necessidade de uma reforma política e eleitoral.
De acordo com o presidente nacional do PT, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que participou do encontro mais cedo, não deu
nenhuma orientação sobre quais devem ser os próximos passos do partido
em meio à crise. "Ele disse que temos de continuar lutando, de que não
há derrota, de que só existe derrota antecipada para aqueles que não
lutam", afirmou. Segundo Falcão, Lula falou por mais de uma hora. "Foi
emocionante, alguns companheiros chegaram a chorar", contou.
Após a coletiva, o PT distribuiu um documento no qual resume o que
foi debatido no encontro. O texto diz que a admissão do processo de
impeachment na Câmara representa "um golpe contra Constituição". Afirma
também que "as forças provisoriamente vitoriosas expressam coalização
antipopular e reacionária". Numa menção à presidente, o partido
manifesta "irrestrita solidariedade à companheira Dilma Rousseff", "que
não cometeu qualquer crime e contra a qual não pesa nenhuma acusação de
corrupção".
O texto recomenda ainda que a presidente Dilma Rousseff reorganize
imediatamente o seu ministério, com "personalidades de relevo e
representantes de agrupamentos claramente comprometidos com a luta
antigolpista, além de incorporar novos representantes da resistência
democrática".
(Fonte Diário do Poder)
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