Impeachment tem ao menos 242 votos na Câmara; contrários chegam a 113
Foto: Luís Macedo/ Agência Câmara
A menos de duas semanas da data estimada para a votação do processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara, 242
deputados afirmaram ao Estado que votariam a favor da abertura do
procedimento e 113 se posicionaram contra. Seis não quiseram se
manifestar, 48 disseram estar indecisos ou preferiam esperar a
orientação partidária e 104 não foram localizados pela reportagem. Para a
abertura do processo de impeachment na Câmara são necessários 2/3 do
plenário: 342 votos. Para arquivar o processo o governo precisa do apoio
de 171 deputados, entre votos a favor, faltas e abstenções. Entre os
que querem o impeachment já se fala em estender a sessão, que deve
começar na quinta-feira, dia 14, se não houver recurso do governo, até o
domingo. O objetivo é atrair mais atenção da população. Nos últimos
quatro dias,
O Estado provocou individualmente 407 deputados para
que, de maneira informal e com a opção de que seus nomes poderiam ficar
em sigilo, expusessem como se posicionariam se a votação fosse no dia
da entrevista. A consulta se concentrou nos partidos que não fazem parte
do núcleo duro do governo (PT e PC do B) nem da oposição (PSDB, DEM,
PPS e SD). "Uma consulta agora pode trazer a fotografia do momento, mas
se as mesmas perguntas forem feitas na semana que vem, o resultado
talvez seja diferente. Este processo será decidido às vésperas da
votação", disse o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), ele mesmo
declaradamente favorável ao impeachment. A consulta aos deputados
começou na quarta-feira, dia seguinte ao anúncio de desembarque do PMDB
do governo, e se estendeu até a tarde de ontem. Na bancada do partido do
vice-presidente Michel Temer, que conta com 68 deputados, 29 disseram
que votariam pela abertura do processo, 4 revelaram ser contra, 10
afirmaram não ter posição formada e 21 não foram localizados. Entre os
que são contra a abertura do processo do impeachment estão o líder da
bancada, Leonardo Picciani (RJ) - responsável pela negociação que
resultou na nomeação dos ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso
Pansera (Ciência e Tecnologia) -, e Zé Augusto Nalin (RJ). Dono de uma
rede de shoppings centers, Nalin era suplente de Pansera e virou
deputado em outubro passado, quando o titular assumiu a pasta. As
entrevistas foram realizadas na semana em que o governo, nas palavras de
mais de um deputado de oposição, abriu o "balcão de negócios",
oferecendo abertamente cargos e ministérios a parlamentares e partidos
em troca de votos na sessão que decidirá a abertura ou não do processo
de impeachment. Legendas que estiveram na mira do governo nesta semana,
como o PR, PP, PSD, PRB e PTN tiveram comportamentos semelhantes. Apesar
de lideranças negociarem troca de uma maior participação no governo por
apoio, o levantamento registrava alto índice de deputados favoráveis ao
impeachment. Em partidos como PP e PR, as reuniões para definir uma
posição oficial sobre o impeachment só ocorrem às vésperas da
votação. No plenário, deputados do PTN ainda discutiam como reagir
diante das ofertas do Planalto. Ainda perto, um deputado de outra sigla
nanica reclamava que nunca antes sido convidado para cerimônia ou
conversa organizada pelo gestão Dilma. Enquanto avançava na negociação
com o governo para assumir o Ministério da Saúde, o maior orçamento da
Esplanada, deputados do PP, dono da terceira maior bancada, declaravam
que era urgente a saída da presidente. Muitos deles disseram que não
mudariam de posição caso o partido assuma o controle de um ministério. A
sigla já controla o Ministério de Integração Nacional. Dos 35
parlamentares consultados, 20 disseram que votariam pela abertura do
processo, 8 afirmaram ser contra e 7 falaram que não tinham definido
qualquer lado. O PR, que hoje comanda o Ministério dos Transportes,
negocia herdar a pasta de Minas e Energia, por enquanto loteada ao PMDB.
O partido tem uma bancada de 40 deputados. Dos 24 provocados, 14
disseram que vão votar sim para o impeachment, 4 são contra e 8 preferem
esperar posicionamento do partido. No maleável clima do plenário em
relação ao impeachment, não são poucos os deputados que, mesmo com
posição favorável ao impedimento da presidente, avaliam que ela pode
escapar do processo. "Tem um monte de gente dizendo que não vem no dia
da votação para não ficar mal com ninguém", disse o deputado Adalberto
Cavalcanti (PTB-PE). "O melhor é vazar", respondeu quando questionado
sobre sua posição com relação ao impeachment. "Vamos monitorar aquela
dor de barriga estratégica daqueles que pretendem faltar no dia da
votação e justificar com aquele atestado amigo de que estava doente",
disse o deputado Major Olímpio (SD-SP). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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