Especialista afirma que STF pode mudar decisão do Congresso sobre impeachment
Ricardo Lewandowski, presidente do STF | Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff não passa de
uma repetição dos "mesmos argumentos do dia seguinte às eleições", na
opinião de André Ramos Tavares, 43, professor titular de direito
econômico da Universidade de São Paulo (USP) e professor de direito
constitucional na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Em entrevista à Folha de S. Paulo, o especialista defendeu que
o mérito do processo pode ser apreciado pelo Supremo Tribunal Federal
(STF). "Ele [o STF] pode com certeza atuar se a decisão final pelo
impeachment não tiver base substancial na Constituição. A falta de
provas leva à nulidade do processo", avaliou. "Em geral presume-se que o
cidadão é inocente, o que no caso seria a presunção de legitimidade do
governo eleito, e precisam ser produzidas provas contra ele, não ele
provar sua inocência. Abriram um processo de impeachment sem
investigações, sem provas". Contrário ao impeachment - apesar da
coautoria em livro com o advogado Ives Gandra da Silva Martins e com o
ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, dois conhecidos
críticos do governo -, Tavares afirmou que um processo de impedimento
baseado em mera contagem de votos dos parlamentares não é o que está
previsto na Constituição, tornando-se um golpe. "Em primeiro lugar, se o
crime ocorreu no mandato anterior, a lei não permite que seja usado
para fins de responsabilização política. Além disso, o correto para esse
tipo de situação é o julgamento pela via da prestação de contas, em que
o Tribunal de Contas da União faz análise técnica e emite parecer
opinativo. O plenário do Congresso julga as contas em seguida", disse.
Para ele, um dos fatores que leva à avaliação do processo como golpe é a
permanência do vice-presidente Michel Temer, apesar do rompimento com o
governo por parte do PMDB. "Em que lugar do mundo é possível um governo
que não é governo, um partido que rompe sem renunciar à
Vice-Presidência!?".
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