Sem acesso a delação, Dilma fica ‘indignada’ com acusações de Delcídio
Foto: Lucio Bernardo Jr/Câmara dos Deputados
A presidente Dilma Rousseff reagiu
com ‘indignação’ ao ler a suposta delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS)
publicada na edição desta quinta-feira (3) da revista IstoÉ. Dilma leu a
reportagem ao lado no recém-empossado ministro-chefe da Advocacia-Geral da
União (AGU), José Eduardo Cardozo, pouco depois da posse do novo ministro da
Justiça, Wellington César. “Lemos juntos e isso não para em pé. Eu falei que ia
fazer coletiva e ela me disse: ‘vá e demonstre que não para em pé’”, contou
Cardozo durante coletiva de imprensa realizada em Brasília. Durante a
exposição, o chefe da AGU rebateu todos os pontos da suposta delação e disse
que o governo não interveio nem nas investigações nem nos julgamentos
relacionados à Operação Lava Jato. “Parece que ele quer dividir o ônus do que
ele fez com outras pessoas. ‘Eu fiz, mas quem mandou eu fazer foi o Lula’.
[...] Ele tentou retaliar o governo porque não foi libertado. O governo não
pode interferir, não deve e não fará”, defendeu. Questionado se o governo
conferiu se a delação realmente ocorreu, Cardozo explicou que o Palácio do
Planalto não pode ter acesso aos documentos, por se tratarem de acordos
sigilosos com o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele
explicou que não sabe dizer se Delcídio foi solto por causa da delação, já que
a Justiça é a responsável por analisar os conteúdos dos depoimentos, mas
lamentou que uma pessoa com quem mantinha “uma relação próxima” tenha se
envolvido nos escândalos. “Às vezes, a gente passa a vida inteira sem conhecer
as pessoas. Delcídio passou oito meses como o líder do governo, era um senador
competente, mostrava lealdade às indicações do governo. Pra mim, foi uma
decepção”, lamentou.
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