Defesa diz que eventual prisão de Lula seria uma 'arbitrariedade' por Elizabeth Lopes | Estadão Conteúdo
O advogado Cristiano Martins Zanin, que faz a
defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou em entrevista à Rádio
Estadão nesta segunda-feira, 21, que apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF)
estar esta semana em recesso de Páscoa, espera uma decisão sobre o Habeas
Corpus impetrado na noite de domingo, 20, contra a decisão do ministro Gilmar
Mendes que, além de suspender o ato de nomeação de Lula para a Casa Civil,
determinou o retorno das ações e dos inquéritos em que o ex-presidente é
investigado no âmbito da Lava Jato para o juiz Sérgio Moro. "Sabemos que a
corte está sem trabalho essa semana, mas acredito que pode haver algum
pronunciamento antes da próxima sessão (prevista para o dia 30), mesmo que seja
monocrática, de um ministro", afirmou. Em entrevista concedida na
manhã desta segunda à Jovem Pan, o ministro Gilmar Mendes disse que, em tese, não
há impedimento legal para um eventual pedido de prisão de Lula, até que o STF
dê seu parecer sobre a nomeação do petista para a Casa Civil, pois hoje ela
está suspensa e ele não conta com o chamado foro privilegiado. Indagado sobre
essa hipótese, Cristiano Zanin disse que isso é uma
"arbitrariedade". "Não vejo a menor possibilidade dentro do
ambiente de legalidade (de uma eventual prisão de Lula) e é preciso lembrar que
Lula sequer é réu, não há ação penal e nem ação recebida por um juiz (que o
torne réu)", disse o advogado do ex-presidente da República à Rádio
Estadão. E continuou: "Só uma arbitrariedade poderia levar a um cenário de
eventual prisão de Lula, pois a análise dos atuais fatos indicam que não há
qualquer medida extrema que envolva Lula, por isso só uma arbitrariedade e, se
por acaso houver, tem de ser coibida pelos meios legais." Cristiano
Zanin disse também que a decisão sobre a competência das investigações sobre
Lula cabe ao ministro Teori Zavascki decidir e não a Gilmar Mendes, que em sua
decisão remeteu as ações e os inquéritos de volta para Moro. "O
destinatário desses processos só pode ser Teori Zavascki, que é o relator da
Lava Jato nesta corte, e não o ministro Gilmar Mendes, num habeas corpus que
apenas questionava a nomeação (de Lula)." O advogado de Lula criticou
ainda a divulgação dos áudios das interceptações telefônicas, destacando que
houve divulgação de conversas sem a devida autorização judicial, numa
referência ao diálogo entre Lula e a presidente Dilma Rousseff ter sido feito
após o juiz Sérgio Moro determinar a suspensão dessas gravações. Segundo ele,
além de ser ilegal, ela deveria ter sido destruída ou remetida ao STF por
envolver uma autoridade com prerrogativa de foro, que é a presidente Dilma
Rousseff.
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