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ton Menezes/Futura Press/Estadão Conteúdo
O presidente Barack Obama vai iniciar
neste domingo (20) uma nova era na história das ríspidas relações entre Estados
Unidos e Cuba. A viagem à Ilha tem dois objetivos aparentemente contraditórios:
consolidar a política de flexibilização e impulsionar os líderes comunistas da
ilha a mudar de rumo. A visita de Obama coroa o ambicioso experimento diplomático:
depois de meio século de hostilidade, os dois antigos inimigos da Guerra Fria
mantêm contatos regulares. Acompanhado pela família, Obama vai passear
pelas ruas da velha Havana e vai se reunir com o presidente Raúl Castro. Ele
vai assistir a uma partida de beisebol e vai se encontrar com dissidentes
políticos. Funcionários da Casa Branca dizem que Obama não minimizará as
diferenças profundas e persistentes. As declarações dele serão passadas sob uma
lupa para ver até que ponto promove as reformas e os direitos
humanos. Obama também se reunirá com dissidentes políticos. A experiência
deles sob um regime unipartidarista poderá explicar porque muitos
cubanos-estadunidenses veem a viagem de Obama como uma capitulação ante um
sistema cujas práticas vão contra os princípios democráticos fundamentais para
os EUA. No entanto, essa posição pouco a pouco está se convertendo em
minoritária entre os cubanos-estadunidenses, e até mesmo entre a população
norte-americana em geral. Os funcionários da Casa Branca reconhecem que
Obama não pode passar por cima das profundas discrepâncias com o regime cubano.
Mesmo quando o presidente dos EUA está tratando de melhorar as relações, as
declarações dele e os discursos durante as reuniões com Castro e com os
dissidentes serão examinados cuidadosamente para avaliar até que ponto está
pressionando que Havana modifique suas práticas. O chanceler cubano Bruno
Rodríguez criticou Obama antes da viagem por insinuar que a visita servirá para
promover mudanças políticas na ilha. Ele denunciou que as mudanças efetuadas
por Obama na política exterior não serviram de nada e descartou a possibilidade
de que o presidente dos EUA possa influir nas ideias políticas dos
cubanos. Os apoiadores de Obama e seus partidários no Congresso desqualificaram
essa retórica. Sustentam que seis décadas de políticas de tentar isolar Cuba
não fizeram mudanças e que, por isso, o momento é de tentar com a diplomacia.
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