Celso de Mello: "Impeachment não é golpe e Lava Jato não é causa de crise"
Em vídeo divulgado no Youtube, o ministro Celso de Mello, decano no
Supremo Tribunal Federal, afirmou que a figura do impeachment é
instrumento previsto na Constituição democrática brasileira e não pode
ser reduzido à condição de "mero golpe". "A figura do impeachment não
pode ser reduzida à condição de um mero golpe de estado porque o
impeachment é um instrumento previsto na Constituição, uma Constituição
democrática, que está em vigor no país e que estabelece regras básicas",
disse o ministro, ao ser questionado sobre o assunto em um shopping.
"Se essas regras básicas forem respeitadas, obviamente o impeachment não
pode ser considerado um ato de arbítrio político e de violência
política", completou. Mello é o terceiro ministro do Supremo a defender
publicamente nesta semana a constitucionalidade da figura do impeachment
de um presidente da República e refutar a tese de que o instrumento em
si não pode ser considerado golpe. O discurso é recorrente entre os
defensores da manutenção da presidente Dilma Rousseff no cargo. A
própria presidente chegou a fazer esta afirmação. Na quarta-feira (23) a
ministra Cármen Lúcia comentou as declarações de Dilma sobre o assunto.
"Não acredito que a presidente tenha falado que impeachment é golpe.
Impeachment é um instituto previsto constitucionalmente", disse ela. "O
que não pode acontecer de jeito nenhum é impeachment nem ou qualquer
tipo de processo político-penal ou penal sem observar as regras
constitucionais. Não há impeachment em andamento ainda, não tenho
nenhuma dúvida que teremos que observar todas as regras
constitucionais", completou. No mesmo dia, o ministro Dias Toffoli
afirmou que o processo de impeachment é previsto na Constituição e nas
leis brasileiras, mas não quis opinar sobre o caso específico da
presidente Dilma Rousseff. O vídeo com Celso de Mello foi postado na
quinta-feira, 24. Ele afirma que suas respostas estão de acordo com
posicionamentos já dados por ele em julgamentos no Supremo Tribunal
Federal. Segundo ele, o impeachment é um instrumento legítimo pelo qual
se objetiva responsabilização política de qualquer presidente da
República, independente de sua filiação partidária. "É um instrumento
posto à disposição da cidadania. Porque só o cidadão, o eleitor, é que
quem legitimidade para provocar a abertura do processo do impeachment. É
o que diz claramente a lei", disse. Questionado sobre decisão do
ministro Teori Zavaski de ordenar o encaminhamento ao STF da
investigação sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mello
disse que ela foi "tecnicamente correta e juridicamente adequada". "A
decisão está de acordo com a jurisprudência no STF já sacramentada em
outros casos, outras pessoas e contexto diversos", disse ele, lembrando
que a determinação é provisória e será analisada pelo plenário da
Corte. Ao ser questionado sobre recentes declarações do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, de que a operação Lava Jato teria sido a
causadora de "efeitos econômicos negativos", o ministro respondeu: "o
juiz (Sérgio) Moro vem agindo de acordo com o que manda a legislação
brasileira. Jamais a operação Lava Jato pode ser considerada causadora
de desemprego ou de crises econômicas". Segundo o ministro, a
investigação envolve atuação conjunta de três instituições, o Poder
Judiciário, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal e tem o
objetivo de investigar "a causa e a materialidade de fatos delituosos
gravíssimos que envolvem, segundo a acusação criminal que está sendo
formulada pelo MPF, preocupante e perigosa infiltração e captura das
instituições governamentais pela criminalidade organizada", disse.
(Informações Bahia noticias)
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