Salário mínimo pode ser 'congelado' para controlar despesas por Bernardo Caram, | Estadão Conteúdo
O salário mínimo dos brasileiros pode ser
'congelado'. Segundo o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, a ideia é
estabelecer um limite para o aumento das despesas a cada ano. Se ficar claro
que ele será rompido, o governo poderá cortar gastos. Se isso não for
suficiente, serão acionadas cláusulas de ajuste automático para recolocar as
despesas nos trilhos no ano seguinte. São três estágios de medidas que
serão acionados em sequência. No primeiro estágio estão as ações mais brandas.
São elas: não conceder novas desonerações de impostos, não permitir que as
despesas de custeio da máquina tenham aumento real (acima da inflação), não
permitir crescimento real das despesas discricionárias (investimentos,
convênios com Estados e prefeituras), não realizar concurso público e não
conceder aumento para os servidores. No segundo estágio, estão medidas um
pouco mais draconianas. Não será possível ampliar os gastos com subsídios,
barrar aumentos nominais nas despesas de custeio, não permitir aumento nominal
nas despesas discricionárias e não dar reajuste nominal para os servidores -
coisa que ocorre todo ano. Se nem isso for suficiente, então serão
cortados benefícios concedidos a servidores, depois serão cortados os gastos
com os funcionários não estáveis e, finalmente, suspender o aumento real do
salário mínimo. Com o anúncio de ontem, o governo federal reconhece o peso
e as implicações fiscais do reajuste do mínimo. O aumento deste ano, por
exemplo, vai custar R$ 30,2 bilhões para as contas do governo, pressionando
ainda mais o caixa da União, que já opera no vermelho. Desse valor, R$ 2,9
bilhões não estão previstos no Orçamento, um rombo que precisará ser coberto
com medidas adicionais. A proposta de fixar teto para despesas ainda está
em discussão com governadores e prefeitos, que poderão também adotar o mesmo
mecanismo. Além disso, Barbosa pretende abrir diálogo com o Legislativo e
Judiciário, pois eles também serão enquadrados nessas regras. Historicamente,
os dois Poderes reagem quando o Executivo tenta conter reajustes
salariais. O teto será proposto em uma lei complementar a ser enviada ao
Congresso até o final de março. Ele faz parte das medidas que o ministro quer
implementar para dar um horizonte de médio e longo prazos para as contas
públicas. Para Barbosa, o limite tem como vantagem forçar uma discussão sobre a
composição do gasto. O teto deve lançar uma luz, por exemplo, para o fato de
aposentadorias, pensões e benefícios sociais responderem por 44% das despesas
da União.
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