Francisco defende João Paulo II e diz que amizade com mulher é possível
O papa Francisco disse a jornalistas nesta
quinta-feira (18) no avião que o trouxe do México para o Vaticano, que sabia da
relação entre João Paulo II e a filósofa Anna-Teresa Tymieniecka, e que a
amizade entre homens e mulheres não é um pecado. "A amizade com uma mulher
não é um pecado, é uma amizade. Uma relação amorosa com uma mulher que não seja
sua esposa, sim, é um pecado", disse, acrescentando que o papa João Paulo
II “era um homem que queria pensar como as mulheres”. “O Papa tem um coração que
pode ter uma amizade saudável e santa com uma mulher”, disse, de acordo com a
Agência Brasil. Centenas de cartas enviadas pelo papa João Paulo II para a
filósofa norte-americana de origem polonesa foram reveladas em um documentário
da emissora britânica BBC nesta semana. Os documentos mostram uma amizade
“intensa”, mas não apontam evidências de que o religioso tenha rompido o voto
de celibato feito ao se tornar padre. Francisco acrescentou que um homem que
não sabe ter uma boa amizade com uma mulher é alguém a quem falta algo. “E eu,
por experiência, quando peço conselhos a colegas ou amigos, sempre gosto de
receber a opinião de uma mulher”. As mulheres "te dão tanta riqueza, olham
para as coisas de uma maneira diferente. Eu gosto de lembrar que a mulher é
aquela que constrói a vida no útero". Apesar de o conteúdo só ter sido
revelado agora, a troca de mensagens era conhecida no Vaticano - e não são as
primeiras do Pontífice com mulheres. Ainda segundo Francisco, as mulheres são,
até hoje, pouco levadas em consideração. “Ainda não entendemos o bem que a
mulher faz para a vida do sacerdote e da Igreja, no sentido do conselho, da
ajuda e da amizade saudável”. As correspondências iniciaram-se em 1973, quando
João Paulo II era o arcebispo de Cracóvia. A primeira carta enviada pela
norte-americana tinha como objetivo o debate sobre um livro publicado pelo
religioso. Desde então, uma série de documentos foram trocados entre os dois e
vários encontros para debates filosóficos foram feitos. Os primeiros escritos
apontam uma comunicação “mais formal”, que foram ficando mais “íntimas” ao
longo do tempo, segundo a emissora britânica.
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