Tucanos fecham apoio a Temer, e Dilma diz esperar ‘confiança’ do vice
O vice-presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu nos
últimos dias algo raro na política brasileira: a união dos senadores tucanos
Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) e do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin, em torno de uma estratégia comum que tem como objetivo a disputa pela
Presidência. Em resposta às articulações do vice, a presidente Dilma
Rousseff afirmou neste sábado (5), no Recife, que espera "integral
confiança do Michel Temer". "Tenho certeza de que ele a dará",
completou a presidente. Divididos desde o início da crise que ameaça o
mandato da petista, em março deste ano, os três presidenciáveis tucanos
decidiram apoiar - e, em alguns casos, encorajar - Temer a trabalhar pelo
impeachment de Dilma. Até meses atrás, apenas Serra era um entusiasta da
ideia de ver o peemedebista no Planalto. Aécio jogava para tirar Temer e a
presidente de uma só tacada e disputar uma nova eleição. Alckmin queria manter
Dilma no cargo até 2018, quando também termina o mandato dele no Palácio dos
Bandeirantes. Por conta das movimentações de seu vice, Dilma, entretanto,
não esconde a preocupação com o afastamento cada vez maior dele e pediu aos
articuladores políticos do governo que monitorem o PMDB com lupa. Nos
bastidores, ministros avaliam que Temer flerta com o PSDB para assegurar sua
ascensão ao poder e vai lavar as mãos em relação ao processo de
impeachment. O vice tem conversado há tempos com os tucanos, movimento
visto no Planalto como "conspiração". Com o mote da "pacificação
nacional", porém, Temer circula na oposição e é assíduo interlocutor do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fato que intriga até mesmo
petistas. A possibilidade de debandada do PMDB começou a inquietar o
governo na sexta-feira (4), quando o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha
(PMDB), aliado de Temer, pediu demissão. Desde então, o Planalto redobrou o
cuidado na checagem do índice de fidelidade do principal partido da coligação,
que ganhou sete ministérios há dois meses. Adversário de Dilma, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pressiona ministros como
Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) a
entregar os cargos, mas eles resistem. No Palácio dos Bandeirantes,
auxiliares do governador de São Paulo dizem que, dependendo do pêndulo do PMDB
e das vozes das ruas, o impeachment pode evoluir rapidamente. Temer vai se
encontrar publicamente com Alckmin nesta segunda-feira (7), na cerimônia de
premiação do grupo de líderes empresariais Lide, presidido por João Doria
Júnior.
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