PMs são presos no Rio acusados de tortura contra quatro jovens por Sergio Torres | Estadão Conteúdo
Foto: Divulgação / Pmerj
Oito policiais militares foram presos sob a acusação de
tortura e roubo contra quatro rapazes parados em uma blitz no Rio Comprido,
zona norte do Rio, quando passavam sem capacete em duas motocicletas. As
vítimas contaram que foram despidas, queimadas com faca quente, espancadas e
ameaçadas de morte. Uma delas foi obrigada a praticar sexo oral em um amigo. Um
dos PMs filmou a cena com o telefone celular, em meio a gargalhadas e
xingamentos, contaram os rapazes. Indignados, os amigos, depois de soltos pelos
PMs, deram queixa na 6ª Delegacia de Polícia (DP), na Cidade Nova (região
central), que abriu inquérito. Nos depoimentos, eles disseram que voltavam de
uma festa de Natal na favela Santo Amaro (Catete, zona sul), na madrugada de
sexta-feira, 25, quando, na Rua Prefeito João Felipe, foram parados pela
patrulha, integrada por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora
(UPP) dos morros da Coroa, Fallet e Fogueteiro. Aos policiais da delegacia,
dois irmãos, de 23 e 20 anos, mostraram cortes e queimaduras nas pernas e
braços, que seriam decorrentes das torturas a que disseram ter sido submetidos
com um facão esquentado na labareda de um isqueiro. Os irmãos contaram também
terem sido agredidos com murros nos rostos.
Um amigo de 17 anos relatou no depoimento
que teve o cabelo chamuscado pelo isqueiro e os testículos queimados pela faca.
Ele disse ainda ter sido obrigado a praticar sexo oral com outro colega. A
quarta vítima tem 13 anos. O caso foi revelado na edição deste sábado, 26, do
jornal O Dia. Na delegacia, as vítimas contaram ainda que tiveram todo o
dinheiro que portavam levados pela guarnição da Polícia Militar (PM). O rapaz
de 20 anos afirmou ter sido roubado em R$ 470, além do cordão e até a sandália
e o boné. Um colega relatou que os PMs levaram os R$ 400 que ele tinha no bolso
e também o boné. O rapazes contaram que um PM chegou a disparar com a pistola
quando uma motocicleta passou em velocidade pelo trecho da rua onde a blitz
estava montada. Uma mulher foi atingida, sem gravidade. Ela também prestou
depoimento após receber alta do hospital. Todas as vítimas foram encaminhadas
ao Instituto Médico Legal (IML) para a realização de exames de corpo de delito.
A Polícia Civil apreendeu as armas dos oito policiais, que serão periciadas
pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil. Os
investigadores buscam na região do Rio Comprido imagens de câmeras de
seguranças das edificações vizinhas ao ponto onde teriam ocorrido as torturas.
De acordo com a PM, o comando da UPP onde trabalham os policiais acusados
determinou a eles que se apresentassem à delegacia. Após os depoimentos, foram
presos administrativamente. Os nomes dos policiais não foram divulgados.
Parentes das vítimas que estiveram na delegacia disseram temer pela vida dos rapazes,
já que os PMs, antes de soltá-los, ameaçaram matá-los caso os denunciassem ou à
Polícia Civil ou à Corregedoria da PM.
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