Parlamento suíço aprova resolução para punir a Vale por desastre em MG
O desastre ambiental em Mariana (MG) pode ter um
impacto para as contas da Vale, acionista da Samarco. Nesta semana, o
Parlamento da região de Vaud, na Suíça, aprovou uma resolução para impedir que
a mineradora possa deduzir de seus impostos a reparações que terá de pagar pelo
acidente no Brasil. A Vale tem sua sede financeira internacional na cidade de
Saint-Prex, na Suíça, e se beneficia de um acordo fiscal que permite uma forte
redução dos impostos cobrados sobre a mineradora. Proposto pelo deputado
ecologista Raphaël Mahaim, a resolução foi aprovada por 67 votos a favor contra
66 contra, com três abstenções. A Vale conta com um acordo de exoneração
fiscal que vai até o final do ano. "A Vale repatria para a Suíça seus
lucros obtidos no exterior. Não podemos permitir que ela possa otimizar seu
cálculo fiscal deduzindo as multas", disse o deputado. "A
catástrofe é resultado de uma negligência da empresa e não podemos simplesmente
aceitar isso", disse a parlamentar Claire Richard. Para o bloco de
deputados de esquerda, a região de Vaud seria "cúmplice" do desastre
ambiental se não agir contra a Vale. Apesar da aprovação, a resolução ainda
precisa ser levada para um debate no nível federal. Ainda assim, os deputados
acreditam que a resolução tem um forte valor simbólico e pode mudar as leis em
Berna. A aprovação gerou a irritação do governo de Vaud, que teme perder
investimentos. "Se sempre que houver uma catástrofe no mundo vocês votarem
uma resolução, teremos muitas", disse Pascal Broulis, conselheiro de Estado,
espécie de ministro. Para ele, não há como fazer uma distinção sobre o que é
deduzido e o que deve ser proibido. "A Vale está acompanhando o
debate e se aprovarmos a resolução, daremos um sinal ruim e é todo o modelo
econômico que será fragilizado", disse. Para ele, Vaud não pode ser
responsável pelo comportamento da mineradora. "A Vale vai responder por
seu atos no Brasil. Nosso cantão não pode atuar onde não concerne",
apontou o deputado Mathieu Blanc. Procurada, a Vale disse por meio de sua
assessoria de imprensa que a moção não causará impacto, pois a Vale
International S/A não tem qualquer relação societária com a Samarco. "Além
disso, a Vale não foi responsável pelo acidente ocorrido na Samarco. O Governo
suíço é soberano para fazer as suas moções. Entretanto, entendemos precipitada
a decisão, já que não há qualquer conclusão sobre as causas do acidente",
diz a nota.
por Jamil Chade e Mariana Durão | Estadão Conteúdo
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