Dilma agradece Renan por desafiar Temer por Vera Rosa | Estadão Conteúdo
A presidente Dilma Rousseff agradeceu nesta quinta-feira (17) o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por ter desafiado o
vice Michel Temer, que, na avaliação do governo, faz movimentos
escancarados em defesa do impeachment. Dilma chamou Renan e os ministros
Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo)
para um almoço, no Palácio do Alvorada, no qual Temer acabou sendo o
prato de resistência. Renan entrou em confronto aberto com Temer na
quarta-feira, 16, quando a Executiva Nacional do PMDB decidiu que novas
filiações de deputados federais, a partir de agora, devem passar pelo
crivo do comando do partido. A medida foi tomada para barrar o retorno
de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança da Câmara, mas, mesmo assim,
ele conseguiu as assinaturas necessárias para voltar ao posto. Até mesmo
Renan ajudou na tarefa. Dilma também gostou de ver o presidente do
Senado dizer em público que Temer tem responsabilidade pelo agravamento
da crise porque, ao assumir a articulação política do Planalto, em
abril, "ficou preocupado apenas com a distribuição de cargos" para o
PMDB. "Eu alertei que isso estava errado", afirmou Renan. Em mais um
capítulo da troca de farpas, Renan contou a seus pares, em jantar de
confraternização na quarta-feira, que pretendia escrever uma carta ao
vice, referindo-se a ele como "mordomo de filme de terror". O apelido
foi dado a Temer pelo então senador Antonio Carlos Magalhães, morto em
2007. Aliados de Temer chegaram a planejar uma resposta mais dura a
Renan, comparando-o a um filme "de conteúdo mais forte", mas foram
aconselhados a desistir da ideia. Renan é visto no Planalto como
importante contraponto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
que aceitou o pedido de impeachment de Dilma. Acusado de manter contas
secretas com dinheiro desviado da Petrobrás, Cunha corre o risco de ser
afastado do cargo, se o Supremo Tribunal Federal aceitar pedido feito na
quarta-feira pela Procuradoria Geral da República. Renan também é
investigado no âmbito da Operação Lava Jato, mas não foi denunciado,
embora o ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, preso em Curitiba,
tenha citado o nome dele em delação premiada.
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