Crise fará salários perderem para inflação, diz pesquisa por Fernando Scheller | Estadão Conteúdo
Em um cenário positivo para o mundo, o Brasil será um dos poucos
países que terá queda real no valor dos salários em 2016, segundo
pesquisa da Korn Ferry Hay Group, empresa especializada em recursos
humanos e remuneração. De acordo com o levantamento global, os salários
devem ter avanço médio real (descontada a inflação) de 2,5%. No Brasil,
diante da crise econômica e também da escalada de preços, a previsão é
que os vencimentos dos trabalhadores recuem 1,2%. A lista dos países que
terão perdas reais no salário no ano que vem é liderada pela Venezuela,
que convive com a hiperinflação há anos, onde os trabalhadores deverão
perder mais da metade de seu poder de compra. Logo depois vêm Ucrânia,
que convive com uma guerra civil, e a Rússia, onde o descontrole
econômico já dura anos (veja quadro acima). Nas principais economias
globais, não há sinal de crise: tanto na Europa quanto nos Estados
Unidos, os salários vão crescer em 2016. Os resultados do Brasil
refletem os valores médios de todos os salários, de acordo com Gustavo
Tavares, diretor da Korn Ferry Hay Group. Embora a maior parte das
convenções coletivas ainda possam garantir a reposição da inflação, o
corpo executivo não costuma ser coberto pelos reajustes acertados com
sindicatos. "As convenções costumam cobrir salários mais baixos, em
geral de até R$ 6 mil", diz o executivo da Korn Ferry Hay Group. Para
quem tem cargo de gestão, o aperto deverá ser ainda maior em 2016. Há
hoje um movimento de substituição de executivos com redução de salários.
As empresas que, ao longo dos anos de bonança, prepararam quadros
sucessórios nos níveis gerenciais estão conseguindo economizar na hora
da crise. "Quando o novo ocupante de um cargo de gestão é escolhido
internamente, esse profissional ganha, em média, 13% a menos do que o
antecessor", explica Tavares. Mesmo as companhias que agora buscam
executivos de mercado estão tentando economizar, de acordo com o sócio
da consultoria em recursos humanos Exec, Carlos Eduardo Altona. "Muitas
empresas estão buscando pessoas com perfil mais júnior no mercado para
preencher posições sênior", explica. Em geral, as empresas vêm
oferecendo salários 15% mais baixos em comparação com o que vinham
pagando. "Diria que esse movimento é mais intenso justamente no top
management (posições de direção e vice-presidência)", diz Altona. "São
as substituições que fazem o mercado de contratações girar hoje." As
informações são do jornal O Estado de S.Paulo
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