'É importante não usar a automedicação', alerta epidemiologista sobre o zika vírus
Salvador é o município da Bahia com o maior número de casos suspeitos do zika vírus, de acordo com dados divulgados na última terça-feira (16) pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Já chegam a quase 11 mil as suspeitas de ocorrência da doença na capital baiana. De acordo com o coordenador de vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Salvador, Ênio Soares, a capital vem enfrentando sob duas frentes a enfermidade que lota as unidades de saúde pública da cidade. “Ampliamos atendimentos para atenção básica. Além do pronto-atendimento, as unidades de atenção básica estão atendendo, diagnosticando e até tratando a doença. O outro aspecto é o controle ao vetor. Como é o mesmo vetor que transmite dengue e chikungunya, estamos realizando varreduras de agentes de saúde em vários bairros, em articulação com outros órgãos como Limpurb, para otimizar coleta de lixo, identificar oficinas que ficam com pneus que possam conter água parada, além de combater água parada nas casas”, explicou. Ainda de acordo com o especialista, o fato de a Bahia viver um período em que três doenças (dengue, chikungunya e zika vírus) assolam a população pode indicar que o alto número de casos suspeitos do zika vírus possa ser, na verdade, de uma das outras duas enfermidades transmitidas pelo mosquito aedes aegypti. “Na verdade, nós temos três doenças aqui presentes que tem sintomas parecidos. Na clínica médica, muitas vezes, podem confundir uma doença com outra. Ainda não conseguimos isolar outra patologia, mas acreditamos que uma das três esteja atingindo a população mais fortemente”, afirmou. Ênio também explicou que o ideal é que as pessoas que manifestarem alguns dos sintomas mais comuns do zika vírus, como febre baixa, fortes dores no corpo e nas articulações, coceira e erupções cutâneas, procurem uma unidade de saúde. “Dengue, chikungunya e zika possuem sintomas muito parecidos. A febre baixa, por exemplo, pode ser indicativo de outra doença até mais grave. O indivíduo que afirma que é o zika sem ter orientação médica pode acabar tomando o medicamento incorreto e acabar complicando o quadro. É importante não usar a automedicação. Uma simples orientação evita complicação do indivíduo”, alertou. O especialista afirmou também que ainda não existe um protocolo que possa ser adotado pelos médicos para identificar a doença, já que ela é nova no Brasil. “Dengue já tem um protocolo estabelecido, enquanto a chikungunya tem um protocolo para casos específicos. No caso do zika, a gente orienta os médicos que tratem os indivíduos pelos sintomas. Orientamos para, caso permaneçam os sintomas, pedirem para voltar ao profissional”. O que o coordenador de vigilância epidemiológica da SMS explica também é que a enfermidade ainda é tão nova no país que ainda não há nem exames específicos para identificá-la. Nem patologia específica para ela. Nos diagnósticos da doença, o que aparece é o termo “infecção viral não identificada”.
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