No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, conheça mais sobre o transtorno
A advogada Fabiani Borges descobriu que seu filho, Luís Fernando, era autista quando, aos dois anos de idade, alguns comportamentos do garoto começaram a chamar atenção. Fernando não falava, não atendia aos chamados da mãe e praticava movimentos repetitivos. Quando levou a criança a um neuropediatra, recebeu o diagnóstico de que ele possuía o transtorno do espectro autista - forma que especialistas e pais defendem que seja utilizada para se referir à pacientes com o transtorno. “Ele tinha um atraso de fala, não falava papai e mamãe, não olhava nos meus olhos, brincava com os carros de maneira diferente. Colocava o carro de cabeça para baixo e ficava olhando para as rodas”, conta Fabiani. Luís Fernando possui autismo de autofuncionamento, um dos inúmeros graus do transtorno. Esta quinta-feira, 2 de abril, marca mundialmente o "Dia Mundial de Conscientização do Autismo". A estimativa é de uma criança para cada 88 nascidas, segundo números de pesquisa norte-americanos, possuam autismo. No Brasil, não há estatística oficial, mas estima-se que existem 2 milhões de autistas no país. De acordo com a diretora médica das unidades de saúde da Liga Álvaro-Bahia, Adriana Cardoso, os quadros vão desde os mais leves até os mais graves. “A criança pode ter graus mais leves, o que pode levá-la a ter uma vida normal, até situações mais graves, com comprometimento de funções motoras, dificuldades de aprendizado, com alterações na cognição”, explica. A médica ainda destaca a importância do diagnóstico precoce. “É o mais importante. Quanto mais precocemente se fazem intervenções através de psicoterapias, mais temos resultados melhores”, afirma. Adriana Cardoso também explica que existem várias formas de tratamento. Além do uso de medicamentos específicos, há também o acompanhamento com fonoaudiólogos, pedagogos e terapias ocupacionais, como a musicoterapia. Segundo a advogada Fabiani Borges, estes tratamentos foram essenciais na vida de Luís Fernando. “Antes, meu filho não falava. Hoje, ele já consegue se comunicar normalmente. O tratamento trouxe muitos avanços para a vida dele”, conta. Fabiani ainda afirma que ter um filho com espectro autista é difícil, mas também tem seu lado positivo. “Muda toda sua vida. Por um lado, é cansativo, até doloroso. O tratamento é muito caro, quase não há políticas públicas para ajudar a custear o tratamento. No entanto, acompanhar o desenvolvimento do seu filho, comemorar cada conquista, cada ganho de independência, aprender a enxergar o mundo com os olhos de outra pessoa, é sensacional”, conta. A advogada ainda deixa um recado aos pais. “Não desistam dos seus filhos nunca, por mais desesperador que seja. Corra atrás dos direitos deles, brigue por eles. Não olhem eles de forma diferente. Não escondam eles do mundo”, ressalta.
A advogada Fabiani Borges e seu filho Luís Fernando, que possui autismo. Foto: Arquivo Pessoal
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