Dia do Obstetra: Sogiba diz que estrutura precisa mudar para melhorar atendimento

O debate sobre violência obstétrica, parto humanizado e a divergência entre parto normal e cesariano são assuntos que vem colocando a classe obstétrica em evidência nos últimos tempos.  Temas como a tomada de decisões de alguns profissionais na hora do parto sem o consentimento da grávida, além do alto número de cesáreas no Brasil tem feito a sociedade questionar os procedimentos adotados por estes profissionais. No próximo domingo (12), comemora-se o Dia Nacional do Obstetra. Aproveitando a data, o Bahia Notícias conversou com o presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogiba), Carlos Lino. Ele reconhece a existência destes problemas, mas acredita que “o obstetra paga um preço muito alto pela falta de condições de trabalho”. “Salvador tem uma carência enorme de leitos nas instituições privadas, além da má remuneração por parte dos planos de saúde. Nas maternidades públicas, a situação é mais caótica ainda. Demanda enorme, superlotação. Remuneração ruim também”, afirma. Segundo Lino, esta realidade reflete na população, que, para ele, “tem um qualidade de atendimento cada vez menor”. O presidente da Sogiba ainda comentou a polêmica existente entre a diferença nos números entre partos normais e cesarianos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a realização do parto normal seja prioridade. No entanto, o Brasil é o país com o maior número de cesáreas realizadas no mundo todo. As taxas chegam a 84% no sistema privado e a 40% no SUS -- o recomendado pela OMS é 15%. Carlos Lino reconhece que este quadro precisa mudar, mas acredita que “não adianta dar uma canetada, dizer que tem que reduzir, se não temos condições pra isso”. “O índice de cesarianas nas maternidades privadas é muito alto. Mesmo assim, com hora marcada, você vai ver um grande número de gestantes esperando vaga. Se for transformar esse número em partos normais, que possuem uma certa urgência, será um caos. O contexto para um parto normal ainda é um contexto muito difícil”, revela. O presidente da Sogiba também afirmou que, ao contrário do que acreditam alguns especialistas, a presença do obstetra no momento do parto humanizado é necessária. “O parto humanizado precisa de obstetra. Ele não é único ator. Mas na hora difícil do parto, quem resolve o problema é o obstetra”, afirmou. Lino ainda disse que quem humaniza o parto “não é o obstetra”. “Como se humaniza o parto se a paciente não consegue se internar? Como internar se, às vezes, as pacientes não têm nem lugar para se sentar? Quem humaniza o parto é uma equipe multidisciplinar que tenha condições de trabalho”, declarou. O presidente da associação acredita que, para solucionar os problemas vividos pela classe obstetrícia na Bahia, é preciso de investimentos. “Na rede pública precisa fazer funcionar. Tem maternidades com leitos não usados, estão lá fechados. No tudo, precisa de profissionais, aumentar leitos, trabalhar melhor pré-natal, evitar o grande número de casos que vem do interior para cá e aumentam enormemente a demanda. Precisa rever o modelo obstétrico usado aqui na Bahia. A Bahia tem usado um modelo de fazer nascer que é difícil”, afirmou. Lino encerrou declarando que a situação só irá se modificar se a estrutura mudar também. “A gente precisa interferir este contexto, continuar discutindo para modificá-lo”, finalizou.
(Fonte Bahia noticias)

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