Secretário da Justiça questiona se vale a pena prender jovens usuários de maconha
O secretário da Justiça e dos Direitos Humanos, Geraldo Reis, defendeu na manhã desta quinta-feira (25) que a ação dos políciais da Rondesp na morte de 12 pessoas na Estrada das Barreiras, no Cabula, deve e tem que ser apurada, de forma transparente. Para ele, “toda e qualquer ação ilegal da polícia deve ser criticada, deve ser condenada, seja nesse caso, caso se comprove, e mais ainda, nos chamados emblemáticos já ocorridos, que deverão ser averiguados, pesquisados, anunciados e penalizados, quando houver comprovação”. Em sua fala durante a audiência pública que discutiu a ação da Rondesp no Cabula, o secretário ainda disse que esse é um dos momentos de sua vida pública que enfrenta “uma situação de conflito dessa radicalidade”, mas que está tranquilo na condição de representante de governo, por ter consciência do trabalho que está fazendo, no sentido de aglutinar pessoas para reflexão da melhoria de segurança pública e direitos humanos no estado. Ao Bahia Notícias, o secretário adiantou que a reunião marcada com o governador Rui Costa com representantes da sociedade civil para o dia 12 de março. Reis ainda fala que é necessário estabelecer uma “agenda propositiva, um fórum permanente de diálogo dos vários poderes para discutir a melhoria da política de segurança pública”. O gestor da pasta ainda falou que “vai trabalhar no governo para superação dos autos de resistência”, e acha que é possível avançar nesse debate para que essa tipificação seja modificada. “O governo reconhece que não é uma situação normal nós termos 160 jovens mortos por mês, que ultrapassa a ação da polícia. Nós precisamos fazer reflexões profundas sobre as bases dessa violência. Eu não sou especialista em técnicas de segurança, eu sou a favor que nós possamos construir espaço para reflexão dos autos de resistência, envolvendo todos os setores”. O secretário também defende um debate sobre a descriminalização das drogas, para ver se “vale a pena continuar a prender jovens que estão com um cigarro de maconha na mão”. “É nesse sentido de descriminalização, que não é postura de leniência com o tráfico. Eu acho que o estado tem que ter uma postura mais dura contra o tráfico. Mas a descriminalização das drogas pode ser um caminho, uma estratégia de combate ao tráfico”, avalia. Geraldo Reis também se posicionou sobre o debate da desmilitarização da Polícia Militar, com aprofundamento da discussão. “Eu concordo que os policiais militares devem ter os mesmo direitos e deveres de um cidadão. Mas, por outro lado, precisamos reconhecer que essa corporação tem uma especificidade. É ela que garante o preceito do monopólio da violência legal por parte do Estado”. Geraldo afirma que tem conversado com frequencia com o governador e que ele tem acompanhado todos os fatos do caso do Cabula.
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