Bancos estrangeiros alertam para risco de racionamento no Brasil

A divulgação de projeções para o volume de chuvas no mês de fevereiro aumentou o pessimismo de analistas em relação ao risco de haver racionamento de energia no Brasil em 2015. Os especialistas do Bank of America (BofA) Merrill Lynch, por exemplo, assinam um documento com os dizeres: "Preparem os planos de contingência". No material, a instituição destaca que o volume de chuvas no Brasil, a partir de março, precisará ser equivalente a 84% da média histórica. Já o UBS utiliza o termo "déjà vu" para falar sobre racionamento, em referência à situação ocorrida no início deste século. Os dois relatórios foram elaborados após o Operador Nacional do Sistema (ONS) elétrico divulgar a primeira previsão oficial de chuvas para o mês de fevereiro. O cenário é negativo. Na região Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do País, a Energia Natural Afluente (ENA) deve ser equivalente a 52% da média de longo termo (MLT). Confirmada essa projeção, os reservatórios chegariam ao final do mês com apenas 19,7% da capacidade. Distante do patamar de 30% considerado mínimo para o final do período chuvoso, em abril. "Incorporadas as projeções de fevereiro, nossas previsões para os reservatórios indicam que (...) a hidrologia agora tem que superar 84% da média de março em diante (contra uma previsão de 79% de fevereiro em diante)", aponta o documento assinado pelos analistas Felipe Leal, Luiz Antonio Leite e Diego Moreno. Na sequência, eles destacam que em 19 dos últimos 84 anos, ou em 23% do período analisado, a hidrologia para o bimestre março-abril ficou abaixo desse patamar. A projeção do ONS para março, ressaltam os analistas, também é inferior a esse nível, ficando em 71%. A análise do BofA leva em consideração a necessidade de os reservatórios encerrarem o chamado período chuvoso com o equivalente a 30% da capacidade. Esse nível seria suficiente para que o sistema elétrico brasileiro pudesse superar o período seco e chegasse a 10% em novembro de 2015, quando tem início o novo período chuvoso. Os analistas Guilherme Loureiro, Thiago Carlos, Lilyanna Yang, Carlos Herrera e Rafael De La Fuente, do UBS, destacam que o risco de racionamento de energia é, hoje, a principal ameaça ao crescimento econômico brasileiro em 2015. Para evitar riscos, o nível das chuvas no acumulado de 2015 deveria ficar em no mínimo 80% da média histórica. Em números, o UBS considera que um eventual racionamento equivalente a 10% da carga poderia provocar uma queda de 0,7% a 1,5% na economia brasileira. A restrição energética ainda teria efeitos na inflação, que poderia fechar o ano com alta de mais de 8%, e no aumento da taxa de desemprego, esta podendo chegar a 6,5%. 
por André Magnabosco | Estadão Conteúdo

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