02 novembro, 2014

Recrutador do Estado Islâmico diz que democracia "é para os infiéis" (1ª parte da entrevista)

Como pensa o Estado Islâmico? Como seus seguidores veem o mundo? A Spiegel Online se encontrou com um recrutador do Estado Islâmico na Turquia para ouvir sobre a visão do grupo extremista para o futuro.
As condições impostas pelo islamita foram rígidas: nada de fotos e nem gravações em áudio. Ele também manteve seu nome verdadeiro em segredo, bem como seu país de origem, e só se dispôs a revelar que é árabe. Seu inglês é educado e ele fala com um sotaque britânico.
Ele se autodenomina Abu Sattar, parece ter por volta de 30 anos e usa uma barba preta cheia que chega até o peito. O bigode é raspado, assim como sua cabeça, e ele usa um robe preto até o chão. Ele guarda uma cópia do Alcorão, cuidadosamente enrolada em um tecido preto, em sua sacola de couro preto. 
Abu Sattar recruta combatentes para a milícia terrorista do Estado Islâmico na Turquia. Islamitas radicais viajam do mundo todo para a Turquia para se juntar à "guerra santa" no Iraque ou na Síria e Abu Sattar examina seus motivos e a profundidade de suas crenças religiosas. Vários membros do Estado Islâmico recomendaram Abu Sattar para ser entrevistado – como alguém que poderia explicar o que o Estado Islâmico defende. Muitos o veem como um mentor ideológico.
Ele só concordou com uma entrevista depois de um período de hesitação. Mas depois de concordar com uma data e dizer que apontaria um local em tempo, ele desistiu do compromisso. No dia seguinte, contudo, combinou outro horário para o encontro, em um local público. Desta vez, ele apareceu: um homem de olhos castanhos atrás de óculos sem armação. Ele parece autoconfiante e combativo. Pediu um chá e, durante todo nosso encontro, ficou deslizando seu colar de contas de madeira para oração nas mãos. 
Spiegel Online: As-salamu alaykum.

Abu Sattar: Você é muçulmano?

Spiegel Online: Por que isso importa? A religião é uma questão particular para mim.

Sattar: Então por que você disse "as-salamu alaykum"?

Spiegel ONline: Porque significa "a paz esteja convosco" e eu vejo isso como uma saudação amigável.

Sattar: Então você não é muçulmano. Eu sabia!

Spiegel Online: Por que o Estado Islâmico têm tanta necessidade de dividir o mundo entre fiéis e infiéis? Por que o Estado Islâmico vê tudo como preto ou branco, "nós contra o mundo"?

Sattar: Quem começou isso? Quem conquistou o mundo e tentou subordinar todas as culturas e religiões estrangeiras? A história do colonialismo é longa e sangrenta. E continua hoje, sob a forma da arrogância ocidental vis-à-vis a todos os demais. "Nós contra o resto do mundo" é a fórmula que impele o Ocidente. Nós, muçulmanos, estamos finalmente oferecendo uma resistência bem sucedida.
(Fonte:http://noticias.uol.com.br/internacional)

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