Miséria cresce pela 1ª vez desde 2003, diz Ipea
Dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
apontam que, entre 2012 e 2013, o número de pessoas que vivem na extrema
pobreza no País teria aumentado em 0,4 ponto porcentual, passado de
3,6% da população para 4%. Os números, recolhidos da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad), mostram que subiu em cerca de 370 mil
pessoas a quantidade de quem vive com menos de R$ 70 por dia. O governo,
no entanto, diz que a diferença está dentro da margem de erro e não
mostra uma tendência. O aumento é o primeiro desde que o Ipea iniciou a
série histórica para esses dados, em 2004. Os dados não chegaram a ser
divulgados pelo governo, mas estão no site do Ipea na internet. Uma
última atualização foi feita no último dia 31, mas o governo alega que
estavam publicados desde 19 de setembro. Em outubro, o diretor de
políticas sociais do instituto colocou o cargo à disposição depois que
uma decisão da presidência do órgão proibiu a divulgação de pesquisas
durante o período eleitoral. O jornal O Estado de S. Paulo perguntou
nesta quarta-feira ao Ipea se essa decisão também foi tomada em anos
anteriores, mas não recebeu resposta. O ministro-chefe da Secretaria de
Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, tentou desqualificar o estudo
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta
quarta-feira (4), que diz que o número de brasileiros em condição de
extrema pobreza voltou a subir em 2013, passando de 10,08 milhões de
miseráveis em 2012, para 10,45 milhões um ano depois, um aumento de
3,7%. "Foram dados, que inclusive não são dados oficiais, que foram
levantados pelo Ipea, que não tem esse poder de dar o dado oficial de
pobreza ou de extrema pobreza da Nação", afirmou Neri, irritado,
rebatendo estes números com outros dados também não oficiais, mas
favoráveis ao governo. "E o que eu digo é o seguinte: os dados das duas
últimas Pnads (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) são muito
bons. Eles mostram avanço da renda per capita de 5,5% real, já
descontada a inflação, já descontado aumento da população, e foi um dado
muito bom". Para ele, a imprensa está focando um dado específico que
representa "fatores temporários" e não reflete a realidade. O ministro
negou ainda que o governo tenha escondido este dado social considerado
negativo durante o período eleitoral.
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