OCDE cobra no FMI melhora da situação fiscal do Brasil

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurría, cobrou, no final da reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma "melhora prolongada" na situação fiscal do Brasil e Índia, citando que os dois países são o que mais precisam de ajustes nas contas do governo entre os principais mercados emergentes. O secretário afirmou, ainda, que a inflação no Brasil e na Índia está acima da meta e, por isso, a política monetária precisa continuar restritiva, ou seja, de juros altos. Gurría fez um discurso no encerramento da reunião do Comitê Monetário Financeiro Internacional (IMFC, na sigla em inglês), órgão que dá as diretrizes políticas para o FMI. Ele pediu um redesenho das normas de política fiscal no Brasil e sugeriu que o país adote uma regra de gastos públicos ligada ao ciclo econômico. Medidas assim seriam uma forma de dar credibilidade às contas públicas e mostrariam compromisso do governo em reforçar o superávit primário durante a fase de recuperação da economia. Em sua declaração entregue ao IMFC, o Brasil é citado três vezes, sobre políticas fiscal e monetária. O secretário da OCDE também alertou, durante a reunião do FMI, sobre o fraco crescimento mundial e dos riscos de piora da atividade econômica. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) dos diversos países deve ser mais vigorosa na segunda metade de 2014 e em 2015, mas a recuperação até agora tem mostrado números decepcionantes. "As taxas de expansão permanecem bem abaixo do que aquelas vistas antes da crise e tem havido uma crescente divergência entre as principais economias", afirmou no discurso. Enquanto os Estados Unidos crescem mais, a zona do euro patina. Nos emergentes, o PIB da Índia se fortalece e o da China mostra uma desaceleração suave. Os países emergentes, alertou Gurría, podem enfrentar maior volatilidade à frente. Desde a crise financeira de 2008, apareceram novos riscos na economia mundial. A liquidez no mercado financeiro aumentou e os investidores tomaram mais risco, destacou. As baixas taxas de juros nos países desenvolvidos estimularam as empresas a captar mais recursos no exterior. Mesmo com o aumento das tensões geopolíticas e da incerteza, os índices de algumas bolsas mundiais continuaram batendo recordes de pontos, disse o secretário. "A divergência no crescimento e nas políticas econômicas entre as principais economias pode aumentar a volatilidade nos preços dos ativos e colocar os emergentes em pressão renovada".

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