Amab questiona no CNJ agregação de comarcas por transformar juiz em 'itinerante'
A Associação dos Magistrados da Bahia apresentou um pedido de Procedimento de Controle Administrativo (PCA) contra a agregação de 25 comarcas da Bahia no Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
medida adotada pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A presidente
da associação, juíza Marielza Brandão, afirmou que a agregação
“transforma o juiz em um juiz itinerante" e “dificulta a prestação
jurisdicional”, diante das péssimas condições de trabalho. O PCA está
sob a relatoria do conselheiro Saulo Casali, que já notificou o TJ
baiano. No pedido, a associação requer uma liminar para suspender a
agregação das comarcas. Segundo Marielza, os juízes não foram
notificados previamente sobre a agregação para saber se aceitavam ou não
a proposta. “A Amab, inicialmente, aceitava a agregação de algumas
comarcas, se a medida fosse provisória. Mas em contato com o TJ,
questionando o cronograma das agregações, nós não obtivemos resposta”,
afirma Marielza. A Amab, segundo Brandão, voltou a discutir a medida
após a implantação das agregações. Isso porque “os juízes começaram a
sentir o peso de ser titulares, distante das suas comarcas de origem”.
“Nós discutimos a questão internamente e entendemos que não tem
condição”, pontua. Além do mais, os juízes, segundo a presidente da
associação, não recebem nenhum tipo de subsídio do tribunal por acumular
função. “Nós somos o único estado no Brasil que não recebe um centavo
por acumular jurisdição e as diárias por deslocamentos estão atrasadas
há mais de um ano”, reclama. A representante da Amab ainda afirma que os
magistrados baianos também não têm recebido nem o reembolso do
transporte para se deslocarem nas unidades jurisdicionais. “Os membros
do Ministério Público e da Defensoria recebem um adicional de 10% para
acumular função”, compara Marielza. Alguns casos sensíveis citados por
Marielza são os das agregações das comarcas de Retirolandia e Nova
Fátima, no semi-árido baiano, e em Mundo Novo e Mairi. A juíza afirma
que em Mundo Novo e Mairi o acervo de processos já totaliza algo em
torno de sete mil processos. A agregação das comarcas de São Gonçalo e
Conceição da Feira, próximas a Feira de Santana, também é um caso
preocupante preocupa para a Amab, pois o volume de processos criminais
na região é complicado, devido a violência naquele entorno. “A dinâmica
da comarca precisa de uma atenção especial. Nós sugerimos que São
Gonçalo e Conceição da Feira não fossem agregados, mas não acataram
nosso pedido”, informa. Os juízes, conforme Marielza Brandão, ainda
encontram mais dificuldades em atuar com a falta de estrutura para
trabalhar. Segundo ela, a defasagem de computadores nas comarcas baianas
já chega a mil computadores e que o tribunal não tem máquinas no
estoque. Além disso, outro problema é que desde às sete horas da manhã
desta quinta-feira (4), o E-SAJ – sistema informatizado do tribunal,
está fora do ar, sem previsão de retorno.
Comentários