Representante da ONU cobra medidas para reduzir mortes nos presídios do Brasil
Ao avaliar os recentes episódios de violência em centros prisionais
de vários estados do país, o representante para a América do Sul do Alto
Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (Acnudh), Amerigo
Incalcaterra, disse hoje (29) que o Brasil precisa rever sua política
criminal baseada “no uso excessivo da privação de liberdade como punição
a crimes”.
A reação do organismo da ONU, cuja representação para
a América do Sul está instalada em Santiago, Chile, ocorre em semana na
qual morreram oito internos em situações de violência em presídios do
Paraná, de Minas Gerais e do Maranhão.
Não é admissível que, no Brasil, a violência e as mortes dentro das
prisões sejam percebidas como normais e cotidianas. As autoridades
brasileiras devem reagir com urgência para construir um sistema
carcerário respeitoso da dignidade humana, com envolvimento de todos os
poderes do Estado e em conformidade com os compromissos e obrigações
internacionais do país”, disse Incalcaterra.
O representante da
ONU cobrou apuração “rápida e imparcial” das autoridades brasileiras dos
crimes cometidos dentro das cadeias e reforçou ainda “ser urgente” a
implementação de treinamentos, com ênfase em políticas de direitos
humanos, para todos aqueles que atuam no sistema penitenciário.
“Ficamos
consternados com o nível de violência observado recentemente nos
presídios brasileiros. Infelizmente, esses não são fatos isolados,
ocorrem com frequência em inúmeros centros de detenção em todo o país”,
lamentou.
O pronunciamento fez referência às cinco mortes, sendo duas por decapitações, durante rebelião na Penitenciária Estadual de Cascavel (PR), além dos dois motins que resultaram em duas mortes, em Minas Gerais, e a 14ª morte, em 2014, no Complexo Penitenciário de Pedrinha, no Maranhão, ocorrida na noite da última quarta-feira (27).
“Superlotação,
condições penitenciárias inadequadas, torturas e maus-tratos contra
detentos são uma realidade em muitos presídios do Brasil que também
contribuem para a violência e constituem em si uma grave violação aos
direitos humanos”, criticou.
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