Posição social e renda já foram critérios para que brasileiro pudesse votar
No próximo dia 5 de outubro, brasileiros escolherão presidente da
República, governadores, senadores e deputados em eleições diretas.
Poderão votar todos aqueles que tenham título de eleitor, documento
emitido para brasileiros a partir dos 16 anos. Mas nem sempre o voto foi
um direito universal no país. Quando o Brasil era colônia de Portugal
e, posteriormente, um império independente, votava quem atendia a
critérios de posição social e renda. O direito de eleger representantes
também não podia ser exercido por mulheres até 1932, e, por analfabetos,
por mais tempo ainda, até a promulgação da Constituição de 1988.
O
professor Antônio Barbosa, do Departamento de História da Universidade
de Brasília (UnB), avalia que, embora ocorressem eleições nos períodos
colonial e imperial, o amadurecimento do Brasil como democracia está
diretamente ligado à chegada da República (1889). Entretanto, ele
destaca que, mesmo ampliando a participação em relação ao período
anterior, o sistema estava longe de ser perfeito.
“Na primeira
[República], até 1930, as eleições eram completamente fraudadas de um
lado e de outro. Era um domínio absoluto das oligarquias. [A Revolução
de 1930] veio, segundo se dizia na época, para sepultar as elites
carcomidas. O voto passa a ser secreto [embora a Primeira República não
houvesse eliminado o voto secreto da legislação, permitia o chamado voto
a descoberto] e é estendido às mulheres. Tivemos, em 1933, eleição de
uma nova Assembleia Constituinte. Mas não adiantou, pois em 1937 veio o
Estado Novo e mergulhou o país em uma ditadura”, destaca.
O
Brasil só voltaria a ser uma democracia em 1945. Antônio Barbosa
ressalta que, nesse período, o país é influenciado pelo clima posterior à
2ª Guerra Mundial. “Com a vitória dos aliados [Inglaterra, Estados
Unidos e França] há um clima de liberdade, de valorização da democracia.
Tivemos, em 1945, eleições gerais para a Presidência, e, em 1946, uma
nova Constituição.”
Barbosa explica que, apesar do caráter
liberal da Constituição, um contingente expressivo de brasileiros não
votava. “O analfabetismo era grande. Entre os anos 1950 e 1970, quase 39
milhões migram do campo para a cidade. Na esmagadora maioria, são
analfabetos. Seus filhos vão entrar na escola”, diz.
Em 1964, o
golpe militar novamente instaura uma ditadura no país. Antônio Barbosa
chama a atenção para o fato de que as eleições não deixaram de ocorrer
no período, apesar das restrições às liberdades democráticas. “[As
eleições federais] foram tornadas indiretas, as municipais eram diretas.
O número de eleitores foi aumentando. A sociedade amadurece e isso
ajuda a derrubar o regime militar, com a movimentação nas ruas”, avalia.
Para
ele, hoje, a democracia está consolidada. “É melhor do que o que
tínhamos há 100 anos. Temos um percentual expressivo votando e sendo
votado. O voto se tornou eletrônico, e, até prova em contrário, isso é
garantia de lisura.”
Confira, na linha do tempo, como evoluíram as eleições no país:
(Fonte Agência Brasil)
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