Direito da mãe de ter bebê na 1ª hora de vida fortalece vínculo, defende pediatra

O fato de o bebê ir logo para o colo da mãe depois de dar o primeiro grito pode mudar a vida de quem nasce e de quem cria. A orientação é apoiada pelos adeptos dos chamados partos humanizados. De acordo com a Portaria publicada nesta quinta-feira (8) pelo Ministério da Saúde e que abraça a humanização nos partos, assim que o bebê nasce (em condições saudáveis), ele deve ser colocado no abdômem (ou tórax) da mãe, se assim a parturiente desejar "de bruços e receber uma coberta seca e aquecida", diz o documento. Se o texto for bem acolhido, esse tipo de concepção pode se tornar mais abrangente em todo país, mesmo que valha em tese só para unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Lícia Moreira, professora do Departamento de Pediatria da Ufba e neonatologista, o aleitamento feito nos primeiros sessenta minutos de vida é um dos principais benefícios para a criança. "A gente sabe que os bebês que são amamentados na primeira hora respondem bem às adversidades. Sem falar que a amamentação é um dos principais fatores de redução da mortalidade infantil", diz em entrevista ao Bahia Notícias. Apesar de várias maternidades de Salvador já realizarem o procedimento, no interior do estado as ações precisam ser estimuladas. "Sei que aqui em Salvador tem maternidades que fazem esse trabalho. Lá na Climério de Oliveira [Ufba] a gente faz. No interior, pelo que sei, ainda é necessário mais ações para estimular o parto humanizado", avalia a médica. 



Foto: Divulgação/Paulo Macêdo

O texto do Ministério da Saúde ainda prevê que pesagem, exames físicos e vacinação só ocorram depois de uma hora do parto, quando a mãe já teve a criança nos braços. Adepta do parto normal (as duas filhas nasceram assim), Licia diz que mesmo mulheres que optem por cesarianas, em casos que o procedimento seja aconselhado, podem também receber o bebê na primeira hora de vida. “Geralmente a criança é colocada em um espaço acima do curativo”, informa. A portaria também garante o contato “pele a pele” para quem fez cesárea. Perto do Dia das Mães, Licia considera que a medida vem embalada em boa hora. “Com a adoção dessas práticas, o contato entre mãe e filho só tende a aumentar e melhorar”, finaliza. Com a lei ainda engatinhando, o MS não divulgou como será a fiscalização e, em casos de não cumprimento da lei, como serão punidos os infratores, entre profissionais e estabelecimentos.

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