Coronel reformado revela que restos mortais de Rubens Paiva foi lançado ao mar

Um coronel reformado de 76 anos revelou que os restos mortais do deputado carioca Rubens Paiva foram lançados ao mar pelos militares. As informações foram prestadas sob anonimato pelo oficial , em entrevista ao jornal O Globo, foram divulgadas neste domingo (16). Há duas semanas, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) sinalizou que o destino do corpo era o detalhe que faltava na história do ex-parlamentar, pai do escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro "Feliz Ano Velho", de 1982. “Pelo estado do corpo, não posso dizer de quem era, nem cabia a mim identificá-lo. Mas o nome que ouvi foi o de Rubens Paiva”, disse o coronel. Ele recebeu a ordem do “gabinete do ministro”, de desaparecer com o corpo de Paiva, que foi morto entre os dias 20 e 22 de janeiro de 1971 e estava ensacado e enterrado havia dois anos na praia do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro.  Segundo o militar, que diz ter participado de todas as missões importantes da Centro de Informações do Exército (CIE) entre 1969 e 1974, uma equipe de 15 homens, que fingiam ser turistas, passou uma quinzena abrindo buracos na areia, para localizar o corpo. “De lá, ele (o corpo) seguiu de caminhão até o Iate Clube do Rio, foi embarcado numa lancha e lançado no mar. Estudamos o movimento das correntes marinhas e sabíamos o momento certo em que ela ia para o oceano”, contou. A revelação pode ampliar o número de acusados pelo MP, que até agora são quatro. A praia do Recreio já havia sido escavada em dois locais diferentes em 1987, após denúncias anônimas e em 1999, com retroescavadeiras. “As pistas estavam corretas. O corpo realmente passou por estes lugares, onde já não estava na época das buscas”, disse o coronel. Três sargentos citados teriam participado: o sargento Clodoaldo Paes Cabral e Jairo de Canaan Cony, já falecidos e Iracy Pedro Interaminense Corrêa, que negou envolvimento. O militar acompanhou a operação do cais, bebendo um drink e notificou o sucesso pessoalmente. “Podiam escavar e dragar o país inteiro que não iriam achá-lo”,disse ao general Coelho Neto, subchefe do CIE.

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