“Recebia dinheiro para ir a protestos”, diz advogado de suspeito de acender rojão
O advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende o suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, afirmou nesta quarta-feira (12) que organizações davam dinheiro a manifestantes para irem aos protestos no Rio de Janeiro. Entre eles, o próprio Caio Silva de Souza, 22 anos, preso na madrugada, em uma pousada de Feira de Santana, no interior da Bahia.
De acordo com o advogado, Caio recebia um salário mínimo para participar das manifestações e a maior parte do dinheiro seria utilizada para pagar o aluguel da casa da mãe, que está desempregada. O jovem morava em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e trabalhava como auxiliar de serviços gerais do Hospital Rocha Faria, no Rio.
"Assim que estive com o pai do Caio, vi a situação de miséria que ele vive. Me deu uma tristeza muito grande. Esses jovens são aliciados, recebem fomentos financeiros de organismos que organizam estes protestos com o objetivo de desarticular o governo, em vez de fazer uma oposição correta. Tem que ir atrás das pessoas que aliciam outros jovens. Eles desgraçaram a família de outros jovens e do Santiago", disse o advogado ao G1, sem informar quais são as organizações e os responsáveis pelo suposto aliciamento.
Ao ser preso, Caio admitiu em entrevista para a Rede Globo que acendeu o rojão durante a manifestação de quinta-feira (6). O jovem contou ainda que não sabia que o objeto era um rojão, e sim um "cabeção de nego".
No entanto, ao delegado Maurício Luciano, responsável pelo caso, o suspeito manteve o posicionamento de só falar em juízo. “Ele não admitiu e nem negou”, disse Luciano, acrescentando que, apesar disso, o inquérito já está quase concluído e há provas suficientes de que Caio acendeu o rojão que atingiu o cinegrafista.
“As provas são contundentes e não deixam margens a dúvidas. A confissão seria apenas para corroborar”, afirmou o delegado, complementando que vídeos da manifestação contra o aumento das passagens de ônibus no município do Rio, ocorrida na semana passada, mostram que Caio usava a mesma roupa que o homem que acendeu o artefato.
O delegado garantiu ainda que há a prova testemunhal do tatuador Fábio Raposo, preso no último dia 8, que já teria confessado à polícia que entregou o rojão para Caio.
Para a conclusão do inquérito, faltam apenas os laudos periciais e o depoimento de um colega de trabalho de Caio. O delegado Maurício Luciano disse que os autos deverão ser entregues à Justiça até a próxima sexta-feira (14).
Fuga para o Ceará
Segundo o delegado, a fuga de Caio começou na segunda-feira (10), quando ele saiu de sua casa, na Baixada Fluminense, e embarcou em um ônibus com destino à cidade de Ipu, no Ceará, onde moram seus avós paternos.
“Ele não admitiu e nem negou”, disse o delegado (Foto: Tania Rego/Agência Brasil)
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Na entrevista coletiva, que durou cerca de uma hora e teve a participação do chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Velloso, o delegado contou que o advogado Jonas Tadeu o convenceu a desistir da fuga e se hospedar em um hotel em Feira de Santana para que a polícia pudesse localizá-lo.
O delegado foi ao local junto com o advogado e a namorada do rapaz. Antes da prisão, a namorada ainda entrou no quarto para acalmá-lo. “Ele estava acuado e assustado em um quarto muito pequeno. Ele disse que não comia há dois dias e não reagiu à prisão”.
O chefe da Polícia Civil, Fernando Velloso, disse que não é possível provar, por enquanto, a ligação de Caio e Fábio com qualquer grupo criminoso ou político, mas que investigações estão sendo feitas nesse sentido.
Depois de passar por exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal, Caio será encaminhado para o sistema prisional do estado. Ele foi indiciado pelos crimes de homicídio doloso qualificado, por uso de explosivo e explosão em via pública. Se for condenado, a pena pode ultrapassar 30 anos de prisão. Com informações da Agência Brasil.
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