"Eles já chegaram dizendo que iam matar todo mundo" diz testemunha de tiroteio em clínica de Nazaré
Era só uma ida ao médico, mas pelo menos dez pessoas acabaram no meio de um tiroteio, ontem, na Clínica Urológica da Bahia, na Ladeira do Hospital, em Nazaré. De acordo com a polícia, por volta das 15h, três homens entraram no local e renderam todos os presentes. Em uma tentativa de assalto frustrada, um bandido morreu, outro foi baleado e dois pacientes se feriram.
Segundo o delegado Sérgio Schlang, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os três homens estavam armados e chegaram em um Gol cinza.Além deles, pelo menos mais um bandido teria participado do crime, aguardando no carro. Assim que entrou na clínica, o trio anunciou o assalto. “Eles já chegaram dizendo que iam matar todo mundo e mandando deitar no chão, para entregar tudo”, disse a contadora Raimunda Amparo, 57 anos, que havia ido entregar exames de um tio.
Um dos bandidos subiu até o primeiro andar, enquanto os outros dois começaram a recolher celulares e carteiras, segundo as vítimas. Foi aí que um homem (supostamente um paciente) reagiu. “Só tinha dado tempo de roubar umas quatro pessoas, quando chegou nesse cara. O bandido que estava recolhendo tudo suspeitou dele e pediu que ele levantasse a camisa. O cara se moveu como se fosse levantar a roupa e tirou uma arma, já em direção ao bandido”, contou o comerciante Donaldson Rebouças, 51.
No entanto, a contadora Raimunda diz que não viu o homem tirar a arma do bolso. “Foi muito confuso, porque todos nós estávamos deitados, de cabeça baixa, mas não vi ele com arma. Pelo que vi, ele conseguiu pegar a arma do bandido”, disse.
Tiros
Certo é que, logo depois, começou o tiroteio na recepção da clínica. “Foi tiro para tudo quanto é lado”, contou Raimunda. O primeiro a ser atingido foi o assaltante que estava recolhendo os pertences, de acordo com Rebouças. “Ele morreu logo”. Atingido por quatro tiros - na nuca, no peito, no rosto e no antebraço, o assaltante morreu no local.
Com ele, foi encontrada uma pistola calibre 38, um celular e uma sacola com celulares e documentos das vítimas. Até a noite de ontem, o homem não havia sido identificado. “Ele (quem reagiu) foi se defender. Ele ficou atirando atrás de uma pilastra, enquanto o outro bandido ficava atirando, do outro lado. Contei uns 12 tiros”, afirmou o comerciante. No meio dos tiros, duas pessoas foram baleadas - mãe e filho, que aguardavam por atendimento.
Feridos
Normali Fernandes Alves Sá Barreto, 50, e Tiago Alves Sá Barreto, 21, foram encaminhados ao Hospital do Subúrbio, segundo a polícia. “Mas eles saíram daqui lúcidos”, afirmou o delegado Schlang, que não soube informar onde eles foram atingidos. O CORREIO não conseguiu contato com a assessoria do hospital para saber o estado de saúde das vítimas.
“Acho que eles tentaram sair de onde estavam para ir para outro lugar e foram parar no meio dos tiros”, disse Rebouças. “Todo mundo tentou achar um lugar para se proteger. Eu fiquei embaixo de uma cadeira”, disse. Tanto Rebouças quanto Raimunda dizem não ter percebido a presença do atirador misterioso. “Foi o anjo que salvou a gente”, disse Raimunda.
O suposto paciente também atingiu outro assaltante, que conseguiu fugir. Pouco depois, o suspeito foi identificado: Rafael Silva Bonfim, 21, deu entrada no Hospital Ernesto Simões após ser socorrido por moradores da Cidade Nova. Danilo da Silva Santos, 19, que levou Rafael até o hospital, também foi detido, apesar de alegar inocência.
O homem que atingiu os assaltantes também fugiu. “Não sabemos quem era, mas agiu muito tranquilo”. A delegada Florisbela Rodrigues, da 1ª Delegacia (Barris), que investiga o crime com a titular Fernanda Porfírio, não comentou a suspeita de testemunhas de que o atirador é um policial. “Ninguém viu direito. Estamos investigando e há muitas suposições”.
Segundo o delegado Sérgio Schlang, a clínica tem uma câmera de segurança. “Supostamente, essa câmera não grava, mas ela será periciada, para que a gente investigue se não tem registro”, explicou.
(fonte Correio)
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