Riachão: 'Nunca peguei em lápis ou caneta para compor nada'
Símbolo do samba de roda da Bahia, Riachão completou 92 anos mês passado. Com suas características vestimentas (camisa social, calça, boina, toalha sob o pescoço, anéis), o sambista recebeu a reportagem do Bahia Notícias na casa em que vive, no Garcia, em Salvador. Nascido Clementino Rodrigues, Riachão sempre morou onde ainda mora hoje. Ainda criança, começou a batucar e a cantar no ritmo do seu pai, que era envolvido com música de capoeira e samba de chula. Lá pelos 15 anos, quando já trabalhava em grandes alfaiatarias da cidade, conheceu o samba do Rio de Janeiro e passou a cantar muitas das canções de lá. Certo dia, porém, recebeu um aviso. Sem saber ler, Riachão encontrou uma folha de revista que dizia "Se o Rio não escrever, a Bahia não canta". Encarado como aviso divino, foi a partir daquele dia que Clementino Rodrigues se transformou em Riachão e inundou a Bahia com seus mais de 500 sambas. "Nunca peguei em lápis ou caneta para compor nada", se gaba, ao contar que também nunca gravou suas composições em outro lugar que não a mente. A lembrança é vasta, mas muita coisa também se perdeu. Na tentativa de resgatar e atualizar esse presença viva, os produtores Serginho Rezende e Vânia Abreu convidaram Riachão, no início do ano, a participar de um projeto que culminaria na gravação de um CD. Sem saber muito qual formato o trabalho iria ganhar, os produtores documentaram em vídeo todas as idas de Riachão a São Paulo e também o lançamento do disco "Mundão de Ouro", no mês passado, no Sesc Pompeia. Todas as gravações devem originar um outro material inédito. Nessa entrevista, Riachão fala sobre sua infância no Garcia, dá suas impressões sobre o local hoje, conta detalhes desta nova fase de sua vida e lembra muita história. Confira entrevista na íntegra na Coluna Cultura.
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