Polícia do DF faz operação contra jogo do bicho e lavagem de dinheiro

A Polícia Civil do Distrito Federal realiza desde o início da manhã desta quinta-feira (26) uma operação de combate ao jogo do bicho e lavagem de dinheiro em várias regiões da capital federal. Seis pessoas haviam sido presas até as 11h30, todas em flagrante. A polícia cumpre 26 mandados de busca e apreensão. O suposto esquema envolvia a realização de jogo no Lago Sul, em Sobradinho e nas asas Sul e Norte de Brasília. Um dos locais em que os agentes cumpriram mandado é o Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, região nobre de Brasília.
De acordo com o delegado Fernando Cocito, o grupo chegava a faturar R$ 3 milhões por mês com a exploração do jogo ilegal. A Polícia Civil pediu à Justiça o bloqueio das contas e dos veículos apreendidos.


Segundo Cocito, pelo menos R$ 2 milhões foram apreendidos com os membros da organização. “É a maior apreensão em valores em espécie da Polícia Civil”, disse. “Até o momento chega a R$ 2 milhões, mas continua a contagem.”


O delegado disse que os líderes do esquema, Hélio César Alfinito e João Carlos dos Santos, foram presos. Eles comandavam duas estruturas no DF e dividiam as áreas da capital. “A primeira é composta pela Asa Sul, Guará, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo, São Sebastião e Cruzeiro”, disse. “Na segunda, teríamos Asa Norte, Ceilândia, Paranoá, Sobradinho e Planaltina.”
Cocito disse que dois dos presos admitiram em depoimento que atuavam na exploração do jogo do bicho. Entre os presos está o genro de Alfinito, Leonardo Fernandes Lins, Jerônimo Natividade, João Rufino da Silva e Willian Fernandes de Moraes.
Um policial civil e um militar, ambos aposentados, também são suspeitos de envolvimento com a exploração do jogo, segundo o delegado Luiz Alexandre Gratão. O policial civil não foi preso porque os policiais não encontraram ele em casa. Na casa do PM aposentado foram encontradas armas e dinheiro e ele foi preso por posse irregular de arma de fogo e munição de uso restrito.

As investigações da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco) começaram há seis meses. A operação foi batizada de Armadilha.
No Setor de Mansões Dom Bosco, os policiais detiveram o empresário Hélio César Alfinito, apontado como um dos supostos chefes da quadrilha. Na casa dele, policiais apreenderam documentos e R$ 1 milhão em dinheiro, de acordo com um policial que participou da operação.
Outra pessoa foi presa em um apartamento na quadra 215 Norte e levado junto com duas testemunhas para a sede do Departamento de Polícia Especializada.Um dos homens presos tinha a chave de dois cofres onde dinheiro e documentos da suposta quadrilha eram guardados. Os cofres foram apreendidos.
Vida de luxo
Fernando Cocito disse que a Polícia Civil acompanha há três anos os principais líderes da organização criminosa.


“A verdade tem que ser dita. Essa organização pintou e bordou no DF por pelo menos dez anos e estamos colocando aqui um ponto final nisso”, disse Cocito.

“A organização criminosa tinha um faturamento mensal de R$ 3 milhões, que era comemorado ao final de cada mês de exploração do jogo do bicho no DF. Comemoravam em bons restaurantes, em belas casas, gostavam de ostentar a boa vida que viviam até a data de hoje.”Para encobrir a atividade ilegal, os líderes compravam móveis e imóveis em nome de laranjas e tinham duas empresas de fachada. Uma delas é a Imobilitária Vila Isabel, no Lago Sul, e a outra uma empresa de bobinas, chamada Bobinas.com, com escritório em Brasília e fábrica em um município goiano.
“Eles tinham a certeza de impunidade tão grande que um dos bicheiros era dono da fábrica de bobina que alimentava as máquinas que colhiam as apostas do jogo do bicho”, disse Cocito. “As bobinas alimentam máquinas de crédito e débito e máquinas do jogo.”
Conforme o delegado, a associação tinha uma organização “sofisticada”, com estrutura piramidal. A organização tinha cinco escritórios de apuração e contabilidade, o principal dele no Lago Sul.
“Tinham soldados do crime, gerentes, uma clara divisão de tarefas”, disse. “O pano de fundo dela é a lavagem de dinheiro. O jogo é apenas a ponta do iceberg. Delitos muito mais severos eram cometidos.”
Cocino disse que as máquinas usadas para colher as apostas eram trocadas com frequência. “Emboram sejam máquinas de tecnologia avançada, quando o bicheiro brasiliense percebia que outros estados empregavam máquinas mais modernas, eles buscavam tecnologia fora do Brasil e precisavam de treinamento especializado”, disse. “A perícia já tinha mostrado para o nosso departamento como funcionava a logística do jogo.”Os suspeitos foram autuados por organização criminosa, cuja pena de reclusão é de três a 10 anos de prisão. A infração é inafiançável, segundo a polícia.
“Dois deles são pessoas que tinham certeza da impunidade e não se imaginavam alcançáveis pela polícia, se imaginavam imbatíveis, se deparando pela primeira vez com com a polícia", disse Cocito.
“Esses líderes se respeitam, trocam informações, comemoram faturamento, buscam logística no Rio de Janeiro, fora do Brasil, e costumam trazer pessoas ligada às organizações aqui no DF para trabalhar com o treinamento de pessoal”, disse. “Eram pessoas que mantinham de forma enraizada a estrutura firme e permanente do jogo há 15 anos na capital.”
A Polícia Civil informou que pediu à Justiça pedido para converter as prisões em flagrante em prisões preventivas por ‘questão de ordem pública’.
(Fonte G1)

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