Relatório da PF aponta patrimônio de padre acusado de desvio de verbas do Ministério do Trabalho
O crescimento patrimonial de um sacerdote impressiona veteranos agentes da Operação Pronto Emprego – missão da Polícia Federal deflagrada no dia 3 de setembro para investigar desvio de R$ 18 milhões de convênios firmados pelo Ministério do Trabalho com a ONG Centro de Atendimento ao Trabalhador (CEAT).
Padre Lício de Araújo Vale, diretor de Relações Institucionais da ONG, ficou 5 dias preso no início de setembro, por ordem judicial. Seu papel, diz a PF, era convencer autoridades de alto escalão da Pasta do Trabalho a assinar aditamentos aos convênios com o CEAT. Fez gestões até junto ao ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República.
Agora ele está em liberdade, mas a PF o enquadrou nos autos do inquérito 01/2013-11 por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e peculato. A PF dedicou longo trecho do relatório da Pronto Emprego ao estudo da ascensão de bens do religioso, que integra os quadros da Diocese de São Miguel Paulista.
“Lício de Araújo Vale também apresenta movimentação financeira sem lastro”, destaca o documento. A partir de 2009, padre Lício adquiriu apartamento, veículo esportivo e clube de investimento. A PF descobriu que ele recebe “uma mesada” de R$ 11 mil do Instituto Brasileiro de Trabalho, Educação e Capacitação (Ibratec).
Segundo a PF, o Ibratec é uma entidade de fachada contratada pela ONG para “prestação de serviços de apoio administrativo, técnico e operacional”. O contrato foi fechado por R$ 4,47 milhões.
O criminalista Pedro Biokoi, que defende Jorgette Oliveira, presidente da ONG Centro de Atendimento ao Trabalhador (CEAT), rechaça com veemência a suspeita lançada pela PF. Biokoi afirma que a ONG não é uma entidade de fachada e presta relevantes serviços sociais.
O criminalista preparou amplo levantamento sobre as atividades da ONG, inclusive com dados sobre o número de trabalhadores atendidos, que conseguiram colocação no mercado a partir do trabalho da ONG.
Amigos do padre Lício de Araújo Vale, ouvidos pela reportagem, repudiam a informação de que o religioso enriqueceu. O advogado José Carlos Abissamra Filho, que defende o padre, preferiu não se manifestar porque está analisando os autos do inquérito da PF.
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