Oposição faz exigências para dialogar com monarquia no Bahrein

Praça Pérola tem sido o principal ponto de concentração dos protestos
Grupos de oposição e manifestantes contra o governo no Bahrein dizem que somente negociarão com a monarquia do país após suas demandas por reformas serem aceitas.
Eles pedem a renúncia do atual gabinete de governo, a libertação de prisioneiros políticos e uma investigação sobre as mortes de manifestantes.
Seis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas na semana passada após as forças de segurança terem dispersado manifestantes com violência.
Os manifestantes restabeleceram um acampamento na praça Pérola, no centro da capital do país, Manama, que havia sido esvaziada pelo Exército na madrugada da quinta-feira.
Centenas de pessoas passaram a noite de sábado para domingo na praça, que se tornou o principal ponto de concentração dos protestos contra o governo.
Os manifestantes retornaram à praça após o príncipe herdeiro do país, Salman bin Hamad al-Khalifa, em sua condição de comandante-em-chefe das Forças Armadas, ter ordenado a retirada do Exército das ruas e sua substituição por forças policiais.
A retirada dos militares era uma das exigências feitas pelos grupos opositores para dialogar com a monarquia.
Reformas
O príncipe Salman foi encarregado pelo pai, o rei Hamad bin Isa al-Khalifa, de negociar com os grupos opositores.
Alguns líderes da oposição afirmam querer reformas políticas que levem o país a se tornar uma monarquia constitucional democrática.
Mas alguns manifestantes também vêm pedindo a renúncia do rei Hamad.
A família real pertence à minoria sunita do país, enquanto a maioria dos manifestantes contra o governo pertence à maioria xiita, que se diz marginalizada e reprimida.
Apesar disso, muitos manifestantes têm sido cautelosos ao descrever a revolta popular como não-sectária, cantando slogans como: "Não há sunitas ou xiitas, apenas a unidade barenita".
O Bahrein é um dos vários países árabes ou muçulmanos que vêm enfrentando manifestações pró-democracia desde que a queda do presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, em janeiro.
Desde então, protestos populares também forçaram a renúncia do presidente do Egito, Hosni Mubarak, no dia 11 de fevereiro. Protestos populares também já foram registrados em países como Irã, Iêmen e Argélia.
Contatos
Segundo informações obtidas pela BBC, o príncipe Salman fez contato com representantes de todos os grupos políticos do país, incluindo os principais grupos opositores xiitas.
Em um comunicado transmitido pela TV, o príncipe apelou à união nacional. "Espero que possamos nos dar as mãos, trabalhar juntos e nos comunicar com todas as forças políticas do país", afirmou.
"Juntem-se a nós para acalmar a situação, para que possamos ter um dia de luto pelos nossos filhos perdidos", disse.
Em uma entrevista à TV CNN, ele pediu perdão pelas mortes ocorridas na semana passada.
"Creio que há muita raiva, muita tristeza, e nesse sentido gostaria de expressar meus pêsames a todas as famílias que perderam entes amados e a todos que foram feridos. Lamentamos profundamente. Isso é uma tragédia para nossa nação", disse.
Ele disse ainda que os manifestantes poderão permanecer na praça Pérola. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.


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