Restauração da igreja de Cairu termina em dezembro

Igreja de Cairu tem arquitetura típica franciscana, do século XVII

A Igreja do Convento de Santo Antônio, em Cairu, fica praticamente no meio do mato e do mar. Sua arquitetura, tipicamente franciscana do século XVII, está em equilíbrio na natureza. E, também, sofre por ela, porque o tempo passa, e o desgaste aparece no seu interior e na fachada.

Em restauração há quatro anos, o conjunto agora recebe a visita do italiano Paolo Pagnin, um consultor acostumado a cuidar de monumentos antigos, de até 2 mil anos, como os deixados pelos romanos. No seu currículo, há também trabalhos em sítios classificados como patrimônio da humanidade, como o Taj Mahal, na Índia, e de outros na Tailândia e Cambodja. Atualmente, ele atua na conservação de edifícios situados à direita da Praça de São Marcos (Veneza).
“Cairu é uma obra muito interessante, envolve muitos aspectos do restauro, é um trabalho complexo”, diz Pagnin. O restaurador saiu da Itália e veio parar na Bahia, traçando uma rota semelhante ao de construtores do início do século XX, por indicação do colega Orlando Ramos, que estudou na cidade dele há 26 anos, num curso de tecnologia de material de pedra oferecido pela Escola Grande da Misericórdia, numa oportunidade proporcionada pelo ICCROM, braço da Unesco que se esforça para preparar restauradores mundo afora.
A fachada da Igreja e do Convento de Santo Antônio é de calcário trazido de perto dali, de Boipeba, localidade que, junto com Cairu, pertence ao Arquipélago de Tinharé. “Não é uma pedra boa. Há fissuras e pedaços soltos que vão se descamando. Nós usamos uma tecnologia à base de cal para preencher as lacunas e evitar que a água infiltre”, descreve o restaurador.
Preservação - A recuperação começará com a remoção do cimento utilizado em restauração anterior, e, a partir daí, se decidirá o que fazer junto com os técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Sobre a Ordem Terceira, Pagnin diz que ruínas devem continuar ruínas, sem que se tente imitar os restos do que havia antes. A restauração deverá caminhar no sentido de evitar que as paredes antigas continuem se deteriorando.
Não haveria, então, recomposição, conforme a “restauração crítica”, de Cesare Brandi. Pagnin é contra a reconstrução da obra de arte: “As ruínas da Ordem Terceira seriam consolidadas sem recomposição. Não podemos fazer uma coisa que não existe mais. Eu não faria porque é arriscado. O risco é o da perda do valor histórico. É muito belo assim, como está”, disse.
“Nós (italianos) somos muito conservadores, é da nossa cultura. A regra que seguimos é a da mínima intervenção”, explicou o especialista.


[ fonte atarde]

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