TIRIRICA É DEMOCRÁCIA.

Não que eu queira desconsiderar a opinião dos meus colegas ou discordar pelo simples prazer de discordar, mas não vejo motivo para tanto escândalo com a vitória de Tiririca nas eleições. Alguém dirá que, se um palhaço pode ocupar uma cadeira no legislativo, temos a prova de que somos irresponsáveis enquanto eleitores. Isso pode ser verdade, mas não é menos verdadeiro o fato de que, devido ao aparato tecnológico, fenômenos como Tiririca se tornaram a nossa última alternativa de protesto.



Tempos atrás, quando o eleitor estava de saco cheio com os políticos, ele se limitava a rasurar a cédula. Essa rasura, normalmente acompanhada de palavrões, mandava uma mensagem poderosa ao sistema político: “nenhum dos f… d… p… inscritos serve para o cargo!” Havia aqueles que deixavam a cédula em branco (um perigo na hora da apuração!) e com isso transmitiam uma ideia de passividade: “não tenho opinião formada, qualquer um que se eleger está bom para mim”.


Não sei se o leitor percebeu no último domingo, mas a urna eletrônica não possui a opção do voto nulo, apenas a do branco. Considerando que somente o excesso de votos nulos seria capaz de invalidar uma eleição, temos um claro exemplo de subtração democrática. Desde o advento da urna eletrônica, ficamos sem a opção do protesto pacífico e solitário. Como escrever um palavrão para indicar que nenhum dos candidatos interessa? Como votar no Macaco Tião, já que o número e a foto dele não aparecem na telinha?


Se entendermos a incrível votação de Tiririca como descaso do eleitor, então tudo bem, vamos nos escandalizar, vamos arrancar os cabelos porque a coisa está feia demais. Agora, se entendermos o 1,3 milhão de votos ao palhaço como um protesto similar ao do voto nulo, e protesto causado pela castrante urna eletrônica, então deveríamos fazer algumas reflexões: 1) duvido que quem votou em Tiririca tenha vendido o voto; 2) quem votou em Tiririca deixou de votar em alguém da ficha suja; 3) de todos os palhaços que participaram do pleito, Tiririca é o único que não usa gravata.


Some-se a isso o detalhe de que não basta ser celebridade para se eleger. Talvez por simular seriedade, a maioria dos famosos fracassou nas urnas. Ou seja, os eleitores de Tiririca não o escolheram porque ele aparece na TV. Escolheram porque concordam com o bordão: pior que do que está, não fica!












(Matéria postado por noticiasdeipiau)

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