Temer se irrita com Serraglio e avalia opção para dar foro a Loures
© Folhapress Temer se reuniu nesta terça-feira (30) com o líder da bancada do PMDB, Baleia Rossi, para discutir nomes para o cargo |
O presidente Michel Temer se
irritou com a recusa de Osmar Serraglio em comandar o Ministério da
Transparência e avalia indicar um parlamentar peemedebista do Paraná para a
pasta, o que devolveria o foro privilegiado a Rodrigo Rocha Loures, suplente na
Câmara dos Deputados que está implicado com a delação da JBS.
Temer se reuniu nesta terça-feira
(30) com o líder da bancada do PMDB, Baleia Rossi, para discutir nomes para o
cargo. Os três cotados são os deputados federais Hermes Parcianello, João
Arruda e Sérgio Souza, todos do Paraná. A indicação de um deles abriria espaço
para que Rocha Loures voltasse a ser parlamentar.
Os dois últimos, no entanto,
despertam desconfianças na cúpula do governo. O segundo é sobrinho do senador
Roberto Requião (PMDB-PR), que tem feito críticas às reformas econômicas
conduzidas pelo peemedebista.O terceiro é suplente da senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR), oposicionista ao presidente, e citado no rastro da Operação Carne
Fraca.
A ideia é que o presidente
submeta todos eles a avaliação do setor de inteligência do Palácio do Planalto
para anunciar o escolhido até o final da semana.
Caso não passem pelo crivo, a
intenção é aceitar um nome técnico que tenha o apoio da bancada federal do
PMDB.
Segundo a reportagem apurou,
Temer ficou irritado com a recusa de Serraglio, sobretudo diante de indicações
que ele vinha dando, desde o final de semana via Baleia, de que não aceitaria o
cargo na Transparência.
A decisão de Serraglio foi tomada
após ele se incomodar com a forma como o processo de substituição foi conduzido
pelo presidente e como foi justificada a sua saída do posto, com críticas à sua
gestão, que não teve respaldo de Temer.
O ministro havia decidido
inicialmente segurar a nota pública que divulgaria com sua decisão de voltar
para a Câmara até o encontro com Temer, mas recuou para tornar a saída
irrevogável, evitando que o presidente insistisse para ele assumir a
Transparência.
Nas palavras de um assessor
presidencial, foram cometidos erros na condução do processo, principalmente
pelo fato de ter sido divulgado que Serraglio assumiria a Transparência sem uma
resposta definitiva dele.
Serraglio voltará para a Câmara,
onde tem mandato de deputado federal pelo PMDB do Paraná. A consequência é a
saída definitiva de Rocha Loures, alvo de inquérito no STF (Supremo Tribunal
Federal) em razão da delação da JBS.Loures é suplente de Serraglio e assumiu o
mandato do deputado após sua ida para o ministério. Ele foi flagrado recebendo
uma maleta com R$ 500 mil de Ricardo Saud, executivo da JBS, e está sendo
investigado no STF no mesmo inquérito de Temer.
Loures perde o foro no Supremo,
mas a investigação pode continuar na corte porque está ligada a Temer e ao
senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), alvos de um mesmo inquérito.
O movimento de indicar um
peemedebista do Paraná para a Transparência tem como objetivo diminuir a
pressão sobre Loures para evitar que ele feche acordo de delação premiada, o
que poderia implicar o presidente. (Folhapress)
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