Lava Jato avança sobre contratos da Petrobras no setor naval



A condenação em primeira instância do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e a primeira denúncia criminal da Procuradoria-Geral da República nos processos da Operação Lava Jato envolvendo políticos com mandato, contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) marcam os primeiros resultados do aprofundamento das investigações de contratos do setor naval na Petrobras. Área que abrange a construção e o afretamento de navios e embarcações, obras de plataformas de petróleo e sondas de perfuração marítima, o setor era comandado pelo PMDB e pelo PT, segundo investigadores da Lava Jato. Chamadas de obras offshore, elas envolvem investimentos bilionários do pré-sal e trazem, além das empreiteiras brasileiras do esquema de cartel, multinacionais e novos nomes de operadores de propina e agentes públicos envoltos na corrupção montada na estatal petrolífera. Cerveró e um dos operadores do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano, foram condenados a 12 anos e a 16 anos de prisão, respectivamente, pela cobrança e recebimento de US$ 40 milhões em propina, supostamente paga pela multinacional Samsung Heavy Industries e pelo lobista Julio Gerin Camargo. Os pagamentos são referentes às contratações, em 2006 e 2007, de dois navios-sondas, usados para exploração de petróleo em alto mar - para uso na África e no Golfo do México. O contrato era responsabilidade da Diretoria Internacional, cota do PMDB no esquema de divisão partidária de setores estratégicos da Petrobras.. Investigadores consideram que ao desmontarem o esquema de fraudes, desvios e corrupção nesse primeiro pacote de contratos de navios-sonda, fizeram um "strike" - termo do boliche, usado quando jogador com uma bola só derruba todas as peças da partida - ao atingir peças chave do esquema do PMDB em seus três núcleos: agentes políticos (Cunha), agentes públicos (Cerveró) e operadores financeiros (Fernando Baiano). De acordo com as investigações, o partido do governo tinha parte do esquema na Diretoria Internacional e também controlava duas estratégicas áreas relacionados aos contratos do setor naval: Diretoria de Serviços e Diretoria de Exploração e Produção. Um dos casos alvo da Lava Jato, foi a propina de 1% que réus confessos dos processos da Lava Jato confirmaram ter existido na contratação de 28 navios-sonda para o pré-sal, feitos pela empresa Sete Brasil - criada pela Petrobras em parceria com bancos e fundos de pensão. O PT seria um dos beneficiários dos valores desviados do pacote de US$ 22 bilhões em contratos. Próximo alvo de denúncia criminal da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, o ex-ministro José Dirceu - preso na Operação Pixuleco, desde o dia 3 - também teria atuado na área naval. Os advogados de Cerveró e do lobista Fernando Baiano negaram que seus clientes tenham recebido propinas no esquema na Petrobras. O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu afirma, por seu advogado, o criminalista Roberto Podval, que sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, nunca prestou serviços no âmbito de contratos da estatal petrolífera. E que todos os trabalhos de consultoria efetivamente foram realizados. O PMDB afirma que nunca autorizou ninguém a falar em nome do partido. O PT afirma que todos os recursos arrecadados foram contabilizados e declarados à Justiça eleitoral.

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