PMDB adapta discurso ao ajuste fiscal e quer diminuição no número de ministérios
Preocupada em se salvar do turbilhão de escândalos que atinge o governo do qual faz parte e o Congresso que comanda, a cúpula do PMDB vai propor à presidente Dilma Rousseff que faça uma reforma administrativa e "corte na própria carne" no ajuste fiscal. A mudança de estratégia do partido, que até então só aparecia brigando por cargos, foi definida em almoço promovido por Michel Temer, na quinta-feira, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República. A ideia é tentar melhorar a própria imagem - descolando-a do fisiologismo e associando-a ao discurso de austeridade - para a campanha eleitoral nos municípios do ano que vem. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alvo citado na lista de políticos suspeitos de participar do esquema de corrupção na Petrobrás, chegou a defender no encontro a "refundação" do governo Dilma. A proposta que o PMDB vai levar a Dilma inclui o discurso segundo o qual é preciso diminuir o número de ministérios - hoje são 39 - e de cargos comissionados do governo - cerca de 20 mil. No que se refere à redução de ministérios - 5 são ocupados por representantes do PMDB -, o presidente da Câmara e desafeto do Palácio do Planalto, Eduardo Cunha (PMDB), já havia anunciado que sua prioridade era pôr em votação uma proposta de emenda à Constituição que reduz o número de pastas para 20. Temer e seus aliados do partido, porém, acham que não é caso de impor uma PEC. Primeiro, é preciso negociar com Dilma para que ela encampe a ideia. Na avaliação interna do PMDB, existe a certeza de que o eleitor cobrará, nas urnas, a conta por apoiar as medidas amargas do ajuste fiscal. Diante dessa perspectiva, o partido entende que o governo precisa enviar uma mensagem clara de que também faz a sua parte, reduzindo o tamanho de sua máquina, economizando despesas e revisando contratos dispendiosos.
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