Ainda é cedo para dizer que o Brasil saiu da recessão, afirma IBGE
© iStock A expectativa do IBGE para o segundo trimestre é de continuidade dos efeitos positivos da safra agrícola |
A expectativa do IBGE para o
segundo trimestre é de continuidade dos efeitos positivos da safra agrícola
A gerente de contas nacionais do
IBGE, Rebeca Palis, avalia que ainda é cedo para falar em saída da recessão,
apesar do crescimento de 1% do PIB no primeiro trimestre de 2017 ante o último
de 2016, conforme divulgado nesta quinta (1º) pelo instituto.
Sem exportação, PIB do 1º trimestre teria
caído 0,5%, dizem economistas
"É preciso esperar um pouco
para ver o que vai acontecer este ano. A gente teve crescimento no trimestre,
mas foi sobre uma base muito deprimida. E, se olharmos no longo prazo, ainda
estamos no mesmo nível de 2010, disse ela, quando questionada se o país está
saindo da recessão.
Para especialistas, as duas
características que indicam fim da recessão -crescimento em vários setores e em
rota sustentável- não estão claramente configuradas no Brasil
atualmente.Segundo economistas, o PIB pode voltar a recuar no segundo
trimestre, principalmente após a deterioração do cenário político, com risco de
paralisia de reformas, como a da Previdência.
A crise no governo, aliada aos
dados que começam a sair relativos ao segundo trimestre, elevam o risco de que
o PIB volte a cair nos próximos meses.
"Temos que ver a conjuntura
para ter uma avaliação melhor", ponderou Palis, quando questionada sobre
possíveis impactos da crise no governo.
Em termos técnicos, para que uma
economia esteja em expansão é preciso que o crescimento esteja espalhado por
vários setores e em rota sustentável, pelos critérios do Codace (Comitê de
Datação dos Ciclos Econômicos) -que estabelece, oficialmente, o início e o fim
das recessões no Brasil.
No primeiro trimestre, contudo, o
crescimento da economia foi concentrado em produtos voltados para exportação,
como soja, milho, petróleo e minério de ferro.
Mesmo o desempenho da indústria
de transformação, que caiu 0,9% sobre o trimestre anterior, só não foi pior
pelo aumento das exportações de veículos.
Já o mercado interno continuou em
baixa, com queda no consumo das famílias, dos governos e nos investimentos, com
forte impacto sobre os setores de serviços e as indústrias de transformação e
construção.
"Ainda não via motivo
suficiente para dizer que a recessão tinha acabado. A crise política adicionou
um viés extra de baixa nessa análise", diz o economista Paulo Picchetti,
da FGV, um dos sete membros do Codace.
Ele ressalta que foi difícil
determinar o início do atual ciclo recessivo e tudo indica que isso se repetirá
no processo para registrar seu fim.
A expectativa do IBGE para o
segundo trimestre é de continuidade dos efeitos positivos da safra agrícola,
que teve grande importância no desempenho da economia no primeiro trimestre.
Mas ainda não é possível dizer como se comportarão os outros fatores. Com
informações da Folhapress
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