Reforma trabalhista é suspensa e oposição quer barrar a proposta no Senado
Geraldo Magela/Agência Senado |
Com a crise institucional do
governo, a tramitação da reforma trabalhista no Senado foi suspensa e
considerada “secundária” pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que é o
relator da proposta nas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Assuntos
Sociais (CAS). Em nota oficial, ele afirmou que é preciso priorizar a solução
da crise “devastadora” que o país enfrenta para depois seguir com os debates.
O calendário de tramitação do projeto
(PLC 38/2017) foi adiado, sem previsão para a retomada das discussões. Ferraço
já havia anunciado a entrega do relatório na CAE para a próxima terça-feira
(23), e a apresentação na CAS para o dia seguinte. A votação em Plenário estava
prevista, inicialmente, entre os dias 12 e 15 de junho.
Oposição
Para os senadores de oposição ao
governo, as propostas de reforma trabalhista e da Previdência estão
"superadas" e devem ser barradas no Senado.
Essas matérias acabaram, até os
parlamentares do PSDB já têm consciência que elas se encerraram. Ou seja, o
objetivo do golpe foi por água abaixo — afirmou Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
Paulo Paim (PT-RS) também entende
que os projetos de reforma não se sustentam no atual cenário de crise.
Fiz até um apelo para o relator
da reforma da Previdência na Câmara para que tenha o mesmo gesto do senador
Ferraço, que suspendeu a tramitação da reforma trabalhista enquanto não
resolvemos essa crise política. Nós esperamos que o novo presidente eleito se
debruce sobre esse tema e chame a sociedade para o debate — disse.
José Pimentel (PT-CE) foi ainda
mais longe na análise sobre o momento vivido pelas instituições.
Eu sou daqueles que quando vejo o
presidente de um partido, o PSDB, candidato à presidência da República, sendo
afastado do seu mandato com um pedido de prisão feito pela Procuradoria, só
isso é suficiente para paralisar o trabalho do Congresso Nacional — ressaltou.
Sem clima
Para o senador José Medeiros
(PSD-MT), “não há clima para reformas” enquanto não vierem à tona todos os
fatos relacionados à crise do governo. Mesmo assim, ele aposta na suspensão
apenas temporária do debate.
Momento difícil, em que o país estava
retomando os empregos, que a economia começava a dar sinais de vida e que a
gente já ia para o desfecho das reformas. E essa variável, que a gente sabia
que existia, realmente deixa o cenário muito complicado. Agora, é a gente
manter a confiança e esperar que o Brasil possa sair logo dessa — disse.
Leia a nota oficial divulgada por
Ricardo Ferraço, relator da reforma trabalhista no Senado:
NOTA OFICIAL
A crise institucional que estamos
enfrentando é devastadora e precisamos priorizar a sua solução, para depois
darmos desdobramento ao debate relacionado à reforma trabalhista. Portanto, na
condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões
anunciado está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o
trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário.
(Agência Senado)
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