OAB protocola na Câmara pedido de impeachment do presidente Temer
A OAB protocolou na Câmara pedido
de impeachment do presidente Michel Temer. O documento foi entregue pelo
presidente da entidade, Cláudio Lamachia Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência
Brasil
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No documento, a entidade
argumenta que o presidente cometeu crime de responsabilidade e faltou com o
decoro ao receber no Palácio do Jaburu o empresário Joesley Batista, dono da
JBS, um dos investigados na Operação Lava Jato.
O documento foi entregue pessoalmente
pelo presidente da OAB, Cláudio Lamachia, que chegou à Câmara acompanhada por
outros advogados integrantes do Conselho da Ordem.
Lamachia disse que, mesmo sem a
comprovação da legitimidade dos áudios gravados por Joesley, o presidente não
negou a ocorrência do encontro.
“A fita, o áudio da conversa pode
até mesmo ter sofrido alguma adaptação ou alguma interferência, mas o fato de o
presidente da República, em seus dois pronunciamentos e em entrevista para um
jornal de ampla circulação nacional, não ter negado que houve os diálogos,
torna estes fatos absolutamente incontroversos. E, portanto, na visão da OAB,
nós temos aqui presente o crime de responsabilidade do senhor presidente da
República.”, disse Lamachia ao chegar à Câmara.
Os áudios gravados por Joesley
foram entregues à Procuradoria-Geral da República (PGR ), com a qual o
empresário firmou acordo de delação premiada. As conversas estão sendo
periciadas pela Polícia Federal por determinação do Supremo Tribunal Federal
(STF). A perícia irá apontar se o áudio sofreu edição ou adulteração.
Na petição, a OAB afirma que o
resultado da perícia não interfere na decisão da entidade.
“Este voto não se pauta única e
exclusivamente no conteúdo dos mencionados áudios, mas também nos depoimentos
constantes dos inquéritos e, em especial, nos pronunciamentos oficiais e
manifestações do Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do
Brasil que confirmam seu conteúdo, bem como a realização do encontro com o
colaborador”, diz trecho do documento.
Para Lamachia, um processo de impeachment não
traria desestabilização ao país.
A OAB destaca ainda que, na
conversa, Temer não repreendeu Joesley, quando o empresário relatou que estaria
obstruindo o trabalho da Justiça, ao pagar propina a dois juízes e receber
informações privilegiadas de um procurador. A Ordem argumenta que o presidente
deveria ter comunicado o fato às autoridades competentes.
Além do da OAB, 13 pedidos de impeachment já
foram protocolados na Câmara desde o último dia 17.
A decisão da OAB pelo pedido de impeachment foi
tomada pelo conselho pleno da entidade no último fim de semana,
por 25 votos a 1. Este é o terceiro pedido de afastamento de presidentes da
República apresentado pela entidade. O primeiro, em conjunto com a Associação
Brasileira de Imprensa (ABI), ocorreu em 1992, foi pelo impedimento de Fernando
Collor. O mais recente, no ano passado, envolveu a então presidenta Dilma
Rousseff.
Decisão da presidência da Câmara
A decisão de acatar, ou não, os
pedidos e abrir um processo de afastamento de Temer é do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Líderes da oposição disseram que,
na próxima semana, vão cobrar de Maia o acatamento do pedido e a instalação de
uma comissão para analisá-lo. “Não é razoável que o presidente Rodrigo
Maia, para proteger seu aliado Michel Temer, estenda a permanência dele [no
governo] contra tudo e contra todos. O Brasil pede que a comissão de impeachment seja
instalada”, disse o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
O líder do DEM na Câmara, Efraim
Filho (PB), disse que a presidência da Câmara não está fazendo “blindagem” do
governo Temer e ressaltou que não se pode “desprezar nenhum argumento”
apresentado no contexto da crise política. “Não tenho dúvida de que, por parte
do presidente Rodrigo Maia, [o pedido da OAB] merecerá uma análise técnica,
jurídica e política como pede uma petição desta forma. A OAB é uma entidade
respeitada e não tenho dúvida de que seu pedido receberá desta Casa a devida
análise técnica, política e jurídica que merece enfrentar”, afirmou o líder da
base aliada.
(Fonte: Agência Brasil)
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