Lula teria sido alertado sobre corrupção na Petrobras
© Reuters A defesa de Lula não quis se manifestar |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou perante o
juiz Sergio Moro que não sabia do esquema de corrupção na Petrobras e que
demitiria toda a direção da Petrobras caso alguém o informasse sobre o esquema
na estatal. No entanto, uma reportagem do jornal O Globo deste domingo (14)
refere que o petista recebeu avisos, inclusive oficiais, sobre a corrupção na
petrolífera.
A publicação destaca que preços muito acima do inicialmente
orçado eram as principais suspeitas. Em 2009, quatro obras da petroleira foram
incluídas pelo Congresso numa lista de 24 projetos que deveriam ficar fora do
Orçamento de 2010, sem verba, por terem sido flagradas com indícios de graves
irregularidades em auditorias do Tribunal de Contas da União (TCU). Porém, Lula
não aceitou a decisão da Comissão Mista de Orçamento e não determinou
investigação na estatal. O então presidente vetou a inclusão das obras da
Petrobras na lista e liberou os recursos. De acordo com Lula, a paralisação
iria gerar prejuízos e desemprego.
Três das quatro obras liberadas pelo veto de Lula foram
flagradas na Lava-Jato. Entre elas a Refinaria Abreu e Lima, que tinha um custo
inicial de US$ 2,4 bilhões, mas já ultrapassou US$ 23 bilhões. O Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a modernização da Refinaria
Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, são as outras obras investigadas.
Ainda conforme apuração d'O Globo, o Tribunal de Contas da
União identificou valores de referência inflados e pagamentos questionáveis na
estatal. Em 2009, os investimentos da Petrobras alcançavam R$ 44 bilhões, quase
60% do orçamento do Ministério das Minas e Energia.
O TCU também registrou em relatórios de 2009 que a Petrobras
não forneceu documentos de licitações e valores contratados. O órgão disse que
houve obstrução dos trabalhos de fiscalização e convocou o então presidente da
estatal, José Sérgio Gabrielli, para tentar obter as informações.
Licitações
Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal condenado a
51 anos de prisão na Lava-Jato, e Pedro Barusco, ex-gerente que se tornou
delator e devolveu quase US$ 100 milhões que arrecadou em propina, eram
responsáveis pelas licitações. A publicação recorda que ambos disseram em
delação que atuaram para o PT. Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Abastecimento,
também citado nas investigações, afirmou ter arrecadado dinheiro para o PP.
No entanto, as suspeitas levantadas pelo TCU não
influenciaram o julgamento de Lula. O então presidente chegou a afirmar, em
2010, que tinha conhecimento das contas da companhia. A reportagem relembra um
discurso de Lula, no batismo da plataforma P-57 da Petrobras, em Angra dos
Reis.
"Houve um tempo em que a diretoria da Petrobras achava
que o Brasil pertencia à Petrobras, e não a Petrobras ao Brasil. A ponto de ter
presidente que dizia que era uma caixa preta. No nosso governo é uma caixa
branca e transparente, nem tão assim, mas é transparente. A gente sabe o que
acontece lá dentro e a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer",
teria afirmado o petista.
Outro lado
O chefe da Advocacia-Geral da União na época, Luís Adams,
afirmou que a relação com a Petrobras era difícil, pois a empresa alegava
sigilo comercial para não apresentar todas as informações.
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